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2013 foi um ano de muitas vicissitudes e desafios para o
varejo de shopping center no Brasil. O maior endividamento
das famílias, o aumento nas taxas de juros, a dificuldade
na obtenção de crédito (para as camadas com menor poder
aquisitivo), a evolução no preço do dólar, a alta da inflação,
os movimentos de rua (manifestações, passeatas, arrastões),
a redução de incentivos no IPI e, até mesmo, as compras
realizadas pelos brasileiros no exterior são fatores que
contribuíram para um crescimento nominal das vendas de
apenas 8% em relação a 2012. Descontada a inflação, essa
evolução do faturamento atinge aproximadamente de 2,5%
no ano – movimentando R$ 132,8 bilhões.
O grande fiel da balança foi a abertura de novas lojas – tanto
nos 38 shoppings centers inaugurados em 2013 quanto as
unidades criadas com a expansão dos empreendimentos já
estabelecidos. Portanto, houve um crescimento vegetativo
das vendas, que talvez não acontecesse sem a abertura
desses 16 mil novos pontos de vendas, mantendo o índice
estável em comparação com 2012.
Essa radiografia do setor, realizada em parceria com o
IBOPE, foi apresentada durante a Coletiva de Imprensa
anual, organizada pela Alshop em 26 de dezembro.
Os principais veículos de comunicação do país – seja
de rádio, televisão, internet e impressos – estiveram
presentes ao evento, que repercutiu nos principais
noticiários brasileiros. “Esse foi um ano atípico”, avaliou
o presidente da Alshop, Nabil Sahyoun. Segundo ele,
“2013 foi um ano preocupante para os varejistas pois, na
média, não houve crescimento”, lamentou, explicando
que, analisado separadamente, o segmento de vestuário –
responsável pela ocupação de 45% dos shoppings, – teve
evolução negativa (-2%). “O Natal ainda foi um alento
para esse setor, pois as pessoas buscavam presentes
baratos. O ano acabou não atendendo à expectativa de
10% de crescimento nas vendas”, disse.
“O Brasil cresceu demais nos últimos quatro, cinco anos.
Surgiram mais de 50 milhões de novos consumidores. Em
2009, eles compravam liquidificador, geladeira, televisão,
Em suma, tivemos o pior Natal dos últimos cinco anos. O
crescimento das vendas foi de 5% em relação a 2012, alavancado
pela alta de 10% na comercialização de itens de perfumaria e
cosméticos (categoria que atingiu 12% de incremento das vendas
no balanço do ano); e no crescimento de 9% nos acessórios como
óculos e bijuterias (no ano, a estimativa de crescimento foi de
10%). As joias e relógios também anotaram crescimento de 9% no
Natal 2013 em relação ao ano anterior.
Já setores mais tradicionais, como vestuário, calçados,
eletroeletrônicos e eletrodomésticos e brinquedos, patinaram em
crescimentos pífios: 2%, 3%, 4% e 5%, no período de vendas
natalinas, e 3%, 4%, 6% e 6%, respectivamente, em todo o ano.
“Esses números foram diretamente influenciados pelo retrocesso
nas vendas nas semanas das manifestações que tomaram diversas
cidades do país”, lembrou Sahyoun, pontuando que naquele
período (junho e julho) os consumidores ficaram mais temerosos
de saírem às ruas e realizarem as compras nos shoppings centers.
“As compras realizadas no exterior inibem as vendas no setor de
vestuário, pois lugares como Miami têm preços muito atrativos
para os brasileiros”, pontuou. O câmbio também assusta, já que
incide diretamente em diversos componentes utilizados pela
indústria brasileira nos itens comercializados no shopping.
Em relação às vagas criadas nessa indústria, os números foram
bastante positivos: 135 mil trabalhadores garantiram um emprego
temporário – número 5% superior a 2012 – e destes, 20% têm
grandes chances de manter a colocação permanentemente.
O cartão segue como o meio de pagamento preferido pelos
consumidores: 65% usaram o débito ou crédito para quitar as
contas. Já os cartões das lojas e os carnês foram escolhidos por
20% dos clientes. Pagar em cheque ou em dinheiro foi a opção de
10% dos brasileiros.
PERGUNTE AO
AnodIFÍCIL paraovarejo
Mesmo com todos os fatores contrários, setor registrou
crescimento nominal de 8% em 2013
Natal
porque não tinham esses artigos em casa. Agora, eles só
repõem. É natural que aconteça uma acomodação das
vendas”, analisou o diretor de relações internacionais da
Alshop, Luís Augusto Ildefonso Silva, durante a coletiva.
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