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tecnologia
A tecnologia que gerou o Beacon não é revolucionária.
Aliás, o bluetooth é uma tecnologia que não emplacou, sendo
rapidamente substituída por outras que agradaram mais os
usuários de gadgets e smartphones. O mesmo pode acontecer
com o Beacon. Embora empresas como a Coca-Cola e a
já citada Apple tenham enxergado ouro na ferramenta, ela
ainda está em fase de experimentação. O professor Alexandre
Sassaki, do Programa de Administração e Varejo (PROVAR)
da FIA (Fundação Instituto de Administração) USP, pontua que
“todo produto passa por essa fase introdutória [no mercado]
onde um grupo específico o experimenta e, dependendo da
avaliação desse grupo, o produto é aceito o não”.
Em se tratando de tecnologia para celulares, temos no mercado
usuários exigentes que buscam nas novidades aplicativos
funcionais, práticos e que não demandem nenhuma dificuldade
de utilização. Ainda na opinião de Sassaki: “mesmo uma
tecnologia que chega com entusiasmo, pode ser rapidamente
substituída caso não caia no gosto dos usuários”.
E é justamente aí que mora o perigo. Para Ricardo Jordão,
Chief Marketing Officer da Rakuten Brasil, “o principal
obstáculo do Beacon é a necessidade de baixar um aplicativo
específico que terá que se comunicar com um sensor
instalado na loja”. Isso porque é o usuário quem decide se
quer ser identificado ou não quando entra na loja.
Assim, para cada loja o usuário precisa baixar um App
específico. E, se ele não estiver ligado no momento em que
ele passa pelo sensor, terá sido em vão. Jordão observa que
“dá para contar nos dedos as lojas que possuem sensores e
quando a liderança não conhece o assunto pode acontecer
como aconteceu com os QR codes”, referindo-se ao código
de barras em 2D que, quando decodificado, transforma um
trecho de texto ou um link que te direciona para determinado
conteúdo de um site, por exemplo.
Jordão acredita que o varejo brasileiro tem muito (ou tudo)
A grande diferença entre o que acontece nos EUA é que,
muitas vezes, o comportamento do mercado varejista no Brasil
é impessoal - enquanto o consumidor gosta e busca se sentir
especial. Ainda segundo Jordão: “precisamos deixar para
trás o conceito de que loja é um buraco cheio de prateleiras.
Precisamos de lojas em que os profissionais que lá trabalham
entendam e amem seu trabalho e não fiquem ansiosos por
‘empurrar’ produtos aos consumidores, sem se preocupar com
a real importância de trazê-lo para o seu lado, de fazer com que
ele entenda que a loja foi feita para ele e que lá ele queira ficar”.
Para ele, o futuro do comércio é a recomendação. “Digamos
que um cliente chega a uma loja física para comprar um par de
tênis. A loja tem uma variedade de 100 pares de tênis, o papel do
lojista é promover uma ‘curadoria’, uma espécie de filtro onde é
possível identificar o perfil do cliente, saber de suas preferências
e hábitos e a partir dali encontrar o par de tênis ou a solução
mais adequada para aquele cliente. Esse, por sua vez, vai contar
aos seus amigos. Empurrar uma mercadoria num mundo onde se
pode escolher o que se pode pagar, pode surtir efeito contrário.
Estratégias mercadológicas, como incentivar check-in em troca
de descontos, vantagens, brindes ou simplesmente disponibilizar
wi-fi gratuito, podem incentivar o uso do Beacon e fazê-lo cair
na graça do consumidor. E aí, está pronto para experimentar?
Beacon:amodapega?
AprendendocomoTioSam
BEACONS
o que aprender com o varejo norte-americano, onde ir às
compras é uma experiência sensorial. “As lojas de lá se
preocupam em criar para o cliente um ambiente propício às
compras, seja com uma trilha sonora ou com um aroma que
fazem com que o consumidor queira passar um tempo na loja
e que esse tempo seja gratificante para ele.”
Embora ainda não seja unânime, lojas como a Macy’s e a
American Eagle conseguiram incorporar o IBeacon em suas
ações de marketing convertendo simples visitas em vendas.
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