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Seja em um caminhão, um furgão ou em uma Kombi, muitos
empreendedores sonham em ter o seu próprio negócio sobre
rodas. E, mesmo com o mercado de comida de rua em plena
expansão, o empreendedor precisa pesquisar muito antes
de investir capital no negócio. “O foco inicial de qualquer
pessoa que deseja investir em um food truck deve ser no
produto. Ninguém abre um restaurante, por exemplo, sem
saber o que vender”, afirma Schuartz.
Foi o que aconteceu com Manoa Steinberg, da Salve Salve,
que nasceu da “necessidade de ter alimentação saudável
por perto”, em suas palavras, enquanto praticava esportes e
exercícios físicos pelas ruas da cidade. “O nosso Food Truck
nasceu antes desse ‘boom’ e devido à natureza do produto”,
afirma. A Salve Salve funciona em uma van adaptada –
antes, o veículo era uma base comunitária da Polícia Militar.
A adaptação foi similar a uma obra. “Primeiro fizemos
a forração do veículo com fibra de vidro, para garantir
o conforto térmico; em seguida abrimos janelas laterais,
que funcionam como balcão de atendimento e, finalmente,
implantamos a cozinha industrial”, enumera Manoa,
explicando que a reforma demorou quatro meses.
A empresária afirma que gerir a operação de um food
truck tem custo similar ao de uma loja física. “A vantagem
é ter um negócio móvel, que vai ao encontro do cliente.
Essa mobilidade permite que a gente se reinvente de
acordo com o público e o local onde paramos”, diz.
Como desafios, Manoa aponta a dificuldade em atuar
num espaço tão reduzido e a necessidade de ter um
espaço físico (e fixo) para manter um estoque.
O trânsito e o local para estacionamento também são
pontos a serem enfrentados diariamente.
“Nossos sucos são preparados com frutas frescas, que
recebemos diariamente. Já as saladas e sanduíches são
preparados em porções individuais por uma cozinha
base e entregues para nós a cada dois dias”, revela ela.
Nutricionista por formação, Manoa ressalta que as receitas
foram desenvolvidas pela Salve Salve.
Para quem se animou com esse modelo de negócios, um alerta:
os custos para tornar a operação viável pode até superar os R$
300 mil – considerando a aquisição e adaptação do veículo.
O produto a ser comercializado precisa ter valores mais
acessíveis do que os praticados em restaurantes e lanchonetes,
que oferecem serviços adicionais como mesas, cadeiras,
banheiro, atendimento de garçons, entre outros. Mas, se os
preços dos produtos não podem rivalizar com os concorrentes
ao redor, a qualidade precisa, sim, estar no mesmo nível.
“Outro ponto a ser considerado: quem vende comida na
rua está sujeito às condições climáticas. Chuva, frio e calor
fortes podem afastar a clientela. Bem diferente de um lugar
fechado e com ar-condicionado”, alerta o Diretor Técnico do
Sebrae, Ivan Hussni. Por outro lado, trata-se de um segmento
comprovadamente bem-sucedido. Os food trucks existem
em várias partes do mundo como Nova York, Londres, Paris.
“Chefs de cozinha renomados de São Paulo já sinalizaram
que vão investir nesse nicho, porque sabem ser um filão com
perspectivas muito interessantes”, lembra Hussni. Também há
inúmeros exemplos de empresários com resultados positivos no
ramo, mesmo em São Paulo, onde até antes da lei só podiam
parar seus veículos em locais privados. Não há uma resposta
pronta para a tomada de decisão. “Qualquer opção terá prós
e contras. Cabe ao empreendedor traçar um plano de negócio
capaz de mostrar qual é a melhor escolha no seu caso. Feito
isso, é se preparar bem, ter um diferencial, gerir o negócio com
eficiência e aperfeiçoá-lo sempre”, finaliza o especialista.
GASTRONOMIA
Vários sabores
Pedra no caminho
FOOD TRUCK
LEI O TEXTO COMPLETO DA LEI 15.947
– COMIDA DE RUA
KQI PRODUÇÕES
SALVE SALVE @SALVESALVENATURAL
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