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RESPONSABILIDADE
Existem aqueles na indústria lojista que não compram a teoria
de que questões psicológicas levam ao roubo. O especialista
em consultoria de Segurança J. Patrick Murphy trabalhou
com varejo durante toda sua carreira. Nos anos 1980, quando
trabalhava como especialista em prevenção de perdas para a
Sears, ele deteve milhares de ladrões de loja.
“Cada um deles sabia exatamente o que estava fazendo e
também sabia que era contra a lei e errado”, conta Murphy.
“Os especialistas em saúde mental querem direcionar a ênfase
para uma série de fatores que desviam da responsabilidade
individual da pessoa.”
Murphy também discorda das sete categorias de ladrões de
lojas, afirmando que existem apenas dois tipos: “Há aquelas
pessoas que estão na loja por acaso e por alguma razão são
movidas a roubar, por compulsão, e há o crime organizado.”
A Associação Nacional de Prevenção aos Roubos de Lojas
(National Association for Shoplifting Prevention) defende
que se lide com as questões subjacentes que levam ao roubo
de lojas. “É a mesma coisa com uma pessoa presa por dirigir
embriagada”, diz Barbara Staib, diretora de comunicação da
NASP. “Os tribunais mandam os motoristas para cursos de
tratamento para dependentes de álcool, a fim de que eles tratem
das razões subjacentes que condicionam esse comportamento.”
Assim como acontece com os alcoolicos, diz Staib,
frequentemente é preciso que uma detenção e uma ação do
sistema judiciário insiram o ladrão de lojas em um programa
de tratamento. Ela ressalta que os ladrões de loja não devem
nunca ser tratados como crianças e que os maiores interessados
em que eles parem de roubar são os lojistas. “Porém colocá-los
na cadeia apenas faz com que se tornem criminosos melhores.”
conseguem controlar suas ações. De acordo com o
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais
(DSM), a cleptomania é um transtorno compulsivo –
relacionado ao (des)controle do impulso – assim como
o jogo patológico e a piromania.
A cleptomania foi incluída na primeira edição do DSM, publicada
em 1952 pela Associação Psiquiátrica Norte-Americana, e desde
sempre foi considerada uma questão muito séria. Segundo o
DSM, os cleptomaníacos são incapazes de resistir ao impulso de
roubar, eles sentem uma tensão crescente que os leva ao furto,
assim como sentimentos de prazer durante o ato.
Além disso, a comunidade psiquiátrica descobriu que os
ladrões compulsivos sofrem de muitos problemas emocionais
idênticos aos dos colecionadores. No livro Compulsive Hoarding
and Acquiring: Therapist Guide, escrito por Gail Steketee e
Randy O. Frost, os autores sugerem que cleptomaníacos e
colecionadores sofrem de um profundo medo do que os outros
podem pensar sobre eles e são muito sensíveis à crítica.
“Nem todas as pessoas que roubam são colecionadoras, e nem
todas que colecionam roubam… mas pessoas que roubam com
frequência colecionam os objetos que roubam e têm grande
dificuldade em se desapegar das coisas devido à dor ou à
vitória que representam”, afirma Shulman. “Frequentemente os
objetos têm um valor mais simbólico do que monetário.”
Os objetos dispostos em uma loja podem realmente ativar
uma necessidade emocional de roubar: se uma pessoa foi
abusada por um dos pais, uma promoção de Dia das Mães ou
dos Pais pode ativar a necessidade de roubar. De acordo com
a Mayo Clinic, a cleptomania também pode estar relacionada
com problemas biológicos ligados à química cerebral ou a um
neurotransmissor chamado serotonina, que regula os humores e as
emoções. Segundo a Mayo Clinic, roubar libera dopamina (outro
neurotransmissor) e gera sentimentos de prazer. Shulman diz que
encoraja pessoas que têm problemas com roubos a evitarem lojas.
“Frequentemente o roubo é um pedido de ajuda,” ele diz, “um
contrabalanço para aqueles que dão demais sem ter em troca,
ou para os que possuem um comportamento codependente.
É uma válvula de escape, um modo de liberar a raiva e uma
reação a ter tido seus próprios limites violados por terceiros.”
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