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ALSHOP e entidades do comércio cobram ações da Prefeitura de SP

 

Após convocação do presidente da Alshop, Nabil Sahyoun, aconteceu nesta terça-feira (12) uma reunião online com importantes entidades ligadas ao comércio e serviço e a Prefeitura de São Paulo, maior cidade do país e onde estão concentradas boa parte das principais lojas e dos shoppings centers, estabelecimentos que estão fechados há 50 dias por conta da pandemia do coronavírus (COVID-19).

 

Por parte da ALSHOP, o presidente Nabil Sahyoun comentou que após as ações do governo federal de ajuda aos informais, isenção de impostos e ajuda aos estados e municípios, o setor como um todo sente falta de apoio de algumas prefeituras. “Temos que lembrar que 70% das lojas são pequenas empresas, o shopping tem ajudado na medida do possível, entendemos que o governo federal está fazendo sua parte, mas a prefeitura não, e os comerciantes estão com dificuldades de fechar as contas do orçamento familiar”, disse.

 

Glauco Humai, presidente da ABRASCE, lembrou que esse longo tempo em que os shoppings estão fechados “serviu para o governo se preparar no combate a esta pandemia, preparar campanhas, comprar equipamentos e serviu também para que medidas econômicas fossem tomadas. Não dá para ficarmos sem perspectiva de abertura”, cobrou.

 

Varejistas de shopping dificuldade

 

Durante a reunião, empresários do setor varejista também comentaram as dificuldades vividas pelo setor gravemente afetado pela pandemia no município. Carlos Jereissati Filho, CEO do grupo Iguatemi, comentou que o setor de shopping center como um todo “já disponibilizou R$ 2 bilhões isentando algumas despesas dos lojistas, mas a situação é bastante crítica. Aguardamos medidas como a suspensão do IPTU, uma vez que são imóveis que não podem ser utilizados neste período”.

 

“As empresas não tem conseguido pagar os impostos e vão ficar inadimplentes. Uma grande parte [das lojas] vai fechar e vai morrer como inadimplente. As empresas não estão suportando. A situação é dramática, assim como a situação dos shoppings. O pequeno empresário não está se queixando que não está conseguindo manter empregados e sim que não está conseguindo manter sua família”, disse Marcel Solimeo, economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo.

 

Prefeitura diz não ter margem para reduzir impostos

 

Os representantes da Prefeitura de São Paulo detalharam informações a respeito do orçamento da cidade, estimado em R$ 69 bilhões para este ano, mas que já foi revisto para um valor, no mínimo, 4,4% de queda na arrecadação. “Trabalhamos com uma receita de R$ 61,7 bilhões. Temos olhado a arrecadação do ISS, IPTU, ITBI e a situação está se deteriorando muito rápido. Até mesmo ICMS caiu muito porque não há transação, e também o IPVA e até multas de trânsito que tem impacto expressivo, estão caindo bruscamente”. comentou Felipe Duchateau, secretário da Fazenda de SP.

 

Segundo o secretário, a Prefeitura tem feito contingenciamento e que este ano a previsão era que o município pudesse investir R$ 7 bilhões, o que certamente não acontecerá devido à crise econômica. O PLP 39 que foi aprovado aguarda sanção do presidente Jair Bolsonaro e renderá um repasse de R$ 1,3 bilhão para ajudar no combate à pandemia. Questionado por Carlos Jereissati sobre a isenção do IPTU diferenciando imóveis comerciais e residenciais, Duchateau disse “a prefeitura não tem esse preparo para diferenciar o que é imóvel residencial e não residencial. Se isso for feito de forma rápida tem que fazer para todo mundo e essa isenção custaria R$ 500 milhões por mês e as margens são difíceis, são bem apertadas”.

 

“Nosso grande desafio é como ajuda-los a não quebrar, a não demitir, a não fechar. Nós somos um município, mas não temos a mesma condição de um governo estadual ou federal. Se compararmos o quanto contribuímos para a união e o quanto recebemos de volta é uma conta que não fecha, há uma lógica perversa”, disse Aline Cardoso, secretária Municipal de Desenvolvimento Econômico. A secretária concordou com os empresários e representantes de entidades quanto à falta de liquidez e de crédito disponível. “Os bancos fazem propaganda bonita, mas não estão concedendo empréstimo pois tem aversão ao risco, e não estão dando liquidez”, concluiu.

 

Programa de parcelamento é incerto

 

Questionado por Nabil Sahyoun sobre a negociação de impostos municipais, planos de parcelamento e benefícios, Felipe Duchateau comentou que anunciar de forma antecipada um programa de parcelamento não seria adequado. “Se houver um anúncio antecipado podemos gerar conflito e não pagamento o que deteriorar ainda mais a situação tributária. Por isso esse tipo de programa é posterior a uma determinada fase em um período limitado para adesão”, disse o secretário.

 

Por fim o presidente da ALSHOP pediu aos secretários Felipe Duchateau e Aline Cardoso um diálogo com o prefeito da capital Bruno Covas (PSDB) no sentido de reconsiderar a abertura dos shoppings. “Você pode fazer uma comparação com os supermercados. No caso dos shoppings os espaços são mais amplos, os corredores são mais largos e as poltronas podem ser retiradas e teremos cuidado no controle de clientes que estão mais conscientes e já não levam mais 70 minutos em média no centro de compra e sim apenas 20 minutos comprando o que é necessário. Com todos os protocolos já adotados com sucesso na Europa e Estados Unidos teremos sucesso no controle e no distanciamento. Pedimos que o prefeito reconsidere essa posição”, finalizou.

 

A Alshop agradece aos participantes desta reunião, especialmente à ABRASCE e a ACSP, e salienta a importância do diálogo durante esta crise que estamos vivendo, mas reforça que é preciso neste momento, acima de tudo, planejar e agir.