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Comemorado em 1º de outubro, o dia do Idoso acende um
alerta no varejo brasileiro: a população com mais de 60 anos
cresce continuamente – e deve ultrapassar a marca de 30
milhões de indivíduos em 2025, segundo dados do IBGE.
Mesmo com tal contingente, o mercado brasileiro ainda
dá os primeiros passos para atender às demandas desses
consumidores, que buscam cada vez mais autonomia e
independência e que têm, sim, dinheiro para consumir.
A consultoria Escopo, uma empresa especializada em
Geomarketing, fez um levantamento recente com brasileiros
acima de 50 anos. Suas projeções demonstram que, em 2013,
essa fatia gastou algo em torno de R$ 1 trilhão — 34% do
total gasto pela população inteira. Já o Data Popular afirma
que eles reúnem um potencial de consumo de R$ 7,5 bilhões,
o dobro da média nacional.
O Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) divulgou, em
setembro, um estudo em parceria com o portal de educação
financeira, Meu Bolso Feliz, realizado com idosos de 27
capitais. A pesquisa revela que o consumidor da terceira
idade está mais disposto a gastar – principalmente com
“produtos que desejam” (41% dos entrevistados) – e que
enfrentam dificuldades para encontrar os produtos para
sua faixa etária (45%). A queixa atinge, especialmente,
as mulheres (47%) e aqueles que têm entre 70 e 75 anos
(51%), e consideram os setores de vestuário, eletrônicos,
locais para lazer, turismo exclusivo e cosméticos. Esses
consumidores costumam ser mais exigentes com a qualidade
dos produtos e serviços - mais da metade (52%) dos
entrevistados alega dar mais valor à qualidade dos produtos,
mesmo que seja preciso pagar mais caro por isso – e
mantém o hábito de ir ao ponto-de-venda, mesmo os que já
têm alguma familiaridade com a internet e as redes sociais.
“Essa parcela da população sente falta de peças não
estereotipadas e que não os façam se sentir inadequados
para a idade que têm”, afirma a economista-chefe do
SPC Brasil, Marcela Kawauti. “Os brasileiros têm maior
expectativa de vida, estão envelhecendo com mais saúde
e buscando planejar mais seu futuro”, destaca a professora
da Pós-Graduação da ESPM, Tania Zahar Mine.
Considerando algumas limitações que os idosos
apresentam – como questões relativas à mobilidade, perda
de agilidade física, dificuldade de visão – é certo afirmar
que os shoppings deveriam oferecer serviços que facilitem
o deslocamento dos idosos com carrinhos elétricos, cadeira
de rodas, serviços de leva e traz. “Dependendo da renda
do público, é interessante ter profissionais habilitados
que possam prestar um serviço de ‘personal shopper’,
uma espécie de acompanhante para: ajudar na escolha
das lojas e artigos, carregar as compras, fazer companhia
ao idoso, etc.”, enumera Tania. “Além disso, é muito
importante estabelecer programas de relacionamento
que possam oferecer benefícios a clientes frequentes”,
exemplifica a especialista.
MERCADO
O consumo na mELHOR idade
A POPULAÇÃO DE BRASILEIROS COM MAIS DE 60 ANOS CRESCE A OLHOS VISTOS NO
BRASIL – E SE DESTACA PELA DISPOSIÇÃO PARA A VIDA E PARA O CONSUMO
Números e perspectivas
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