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Novos Criadores
Enquanto o SPFW traz os principais estilistas e marcas de moda
do Brasil – e, também, os mais comerciais – outros eventos
se dedicam à exibição de novos criadores ou daqueles com
perfil mais conceitual. Seguindo o calendário de lançamento
de coleções (primavera/verão e outono/inverno), a Casa de
Criadores tem mais liberdade conceituada, estrutura mais enxuta
e acontece duas vezes por ano na cidade de São Paulo.
O objetivo principal dos jovens estilistas e do jornalista André
Hidalgo, em 1997, era o de criar um espaço que permitisse
a esses estilistas uma proximidade maior com o mercado da
moda brasileira. Desde o começo, o foco sempre foi a criação
autoral genuína e a revelação de novos talentos que, a partir do
evento, tivessem a oportunidade de impulsionar suas carreiras.
Centrado, inicialmente, num movimento nascido na cena
underground paulistana que aliava moda, comportamento e
música eletrônica, a Casa de Criadores ampliou seu universo
e foi incorporando estilistas e criadores de outros estados
brasileiros - nos mais variados estágios de carreira. Desde
então, a Casa de Criadores já lançou e/ou projetou nomes como
Samuel Cirnasnki, Carlota Joaquina, Mário Queiroz, Walério
Araújo e João Pimenta.
“A Casa de Criadores tem como uma de suas missões resgatar
ícones arquitetônicos da cidade. Para isso, procuramos
sempre utilizar locações de grande valor urbanístico e que, de
quebra, são espaços lindos que adquirem novo significado de
uso ao abrigar nossos desfiles”, afirma André Hidalgo, criador
e realizador da Casa.
Hidalgo também é o idealizador de um outro movimento:
o Fashion Mob. Com três edições já realizadas, o evento
é uma “passeata da moda”, que dá a designers e estilistas
a oportunidade de mostrar suas coleções num percurso de
1,5 km pelas ruas da cidade. No final do trajeto, um júri
composto por profissionais do setor: a empresária Costanza
Pascolato, os stylists Lelê Toniazzo e Daniel Ueda, os
estilistas Dudu Bertholini e Thais Losso, a jornalista
Nina Lemos e os editores de moda Lula Rodrigues, Erika
Palomino, Susana Barbosa e Lilian Pacce. A relação de
jurados inclui ainda os maquiadores Marcos Costa, da Natura,
e Robert Estevão, o artista plástico Maurício Ianês e o sound-
stylist Jackson Araújo, só para citar alguns.
Segundo André Hidalgo a ideia é levar para as ruas da capital
paulista os trabalhos de diversos profissionais (novos ou não),
estudantes ou curiosos para que tenham a oportunidade de
mostrar suas produções nas categorias moda, arte e vídeo. O
Fashion Mob é aberto à participação popular. Assim, qualquer
cidadão pode se inscrever gratuitamente, sem que seja
necessária experiência prévia em nenhuma das categorias.
“São Paulo virou uma referência, pois é rica em moda”, declara
Hidalgo. “Aqui temos desfile, consumo, produção... as partes
nem sempre se conversam, mas tem tudo o que você pode
imaginar: pessoas muito diferentes, cada uma com seu estilo”,
completa. Ele reitera a diversidade que vemos pelas ruas da
cidade e, até mesmo, o clima – que varia de verão tropical
a frio glacial – no mesmo dia. “Para quem cria, há público.
O lado comercial é mais facilmente trabalhado, mesmo para
quem faz uma moda mais conceitual”, pondera.
Para ele, “a moda é democrática, acessível a todo mundo e
não deve ficar restrita às salas de desfile. E São Paulo tem uma
super vocação para lançar coisas novas. Quem trabalha com
moda tem sorte de estar em São Paulo”, finaliza.
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