Telefônica negocia o uso do Speedy com varejo e indústria

A Telefônica, operadora de telefonia fixa líder do segmento, estuda uma parceria com redes varejistas como Pão de Açúcar e Carrefour e fabricantes de computadores como Dell, Lenovo e Positivo para chegar ao consumidor final com seu produto de banda larga, o Speedy, direto da loja.

A iniciativa é uma tentativa de se recolocar na liderança do fornecimento de banda larga no Estado de São Paulo, uma vez que a operadora foi passada pela concorrente Net Serviços, no fim do ano passado.

“São parcerias que ainda estão sendo estudadas e testadas, mas devem chegar logo ao mercado”, diz Fábio Bruggioni, diretor executivo para o segmento residencial da Telefônica.

Com a responsabilidade de levar acesso da banda larga a cerca de 2,5 milhões de pessoas no Estado de São Paulo, a Telefônica assinou semana passada o ingresso ao programa do governo do estado, um mês após sua concorrente NET.

Apesar do ato comemorativo durante a Campus Party – evento que reúne usuários de internet em São Paulo -, a operadora deve disponibilizar o produto a partir do próximo dia 24 de fevereiro.

Segundo Antônio Carlos Valente, presidente da Telefônica, o produto será gerido pela Ajato, empresa de banda larga da TVA, empresa do grupo Telefônica que fornece TV por assinatura.

Segundo Valente, a expectativa é de que ainda este ano, a operadora atinja a marca de 60 mil a 100 mil conexões no Estado.

O presidente da companhia ainda reiterou a possibilidade já ensaiada desde o final do ano passado de fechar contratos em condomínios populares, como os do CDHU, para o fornecimento via tecnologia Wi-Mesh (sem fio).

“O produto será oferecido num primeiro momento para a Grande São Paulo e deve usar das tecnologias sem fio e via cabo”, explica Valente.

O presidente da companhia justificou que a demora no fornecimento do produto foi em função da necessidade do desenvolvimento de tecnologia específica para as características do produto.

A solução encontrada pela operadora seguiu o exemplo da concorrente Net ao aproveitar o cabeamento da empresa de TV por assinatura do grupo e assim não vincular a banda larga popular à obtenção de linha telefônica.

Valente elogiou a ação do governo do estado ao proporcionar a parceria com as empresas, na qual o governo isenta de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) as empresas que fornecem a banda larga popular.

“O acesso ao serviço de banda larga será tão mais fácil quando houver iniciativas como estas para pessoas de baixa renda”, afirmou.

Mauro Ricardo Costa, secretário de Estado da Fazenda, elogiou a iniciativa da Telefônica em seu discurso, mesmo parecendo esquecer que a Net já participa do programa do estado.

“A ideia do programa foi do governador do estado junto com o senhor Valente e a partir de agora o produto estará disponível”, disse o secretário.

Antonio Carlos Valente disse que considera a hipótese de que o plano nacional de banda larga, do governo federal, possa ser viabilizado a partir do modelo que já é usado para a telefonia móvel.

O modelo obriga uma operadora a se responsabilizar por uma região com baixa demanda quando esta fornece para uma grande região.

“O sistema filé com osso, como é chamado, já foi pensado para esse fim quando eu estava na Anatel.

Depois que saí de lá ninguém mais falou nisso”, afirma Valente.

O executivo reiterou sua posição a respeito da possível reativação da estatal Telebrás para operacionalizar o programa do governo federal de banda larga.

“O documento ainda não foi publicado e não é elegante falar de documentos não publicados”, afirmou a respeito da minuta do governo federal que supostamente trata da reativação da estatal para este fim.

Só no Estado de São Paulo existem cerca de 1,7 milhão de pessoas com acesso discado à internet.