Tarso Genro deixará ministério no dia 10 de fevereiro

O ministro da Justiça, Tarso Genro, acertou esta semana com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva que deixará a Pasta no dia 10 de fevereiro para concorrer ao governo do Rio Grande do Sul.

O ministro é o primeiro dos 15 a deixar o cargo para concorrer nas eleições de outubro.

O novo ministro da Justiça será anunciado no início da próxima semana.

Dois nomes são cogitados: o do deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) e o do atual secretário-executivo do ministério, Luiz Paulo Barreto.

A eventual escolha de Cardozo representaria uma exceção.

Lula já havia deixado claro que espera contar com os ministros atuais: e impôs a regra de designar os atuais secretários-executivos para concluir o governo em substituição aos ministros candidatos em outubro.

O Valor apurou que o perfil do Ministério da Justiça favorece a escolha de Cardozo.

É uma Pasta com forte conteúdo político e interface constante com os tribunais, especialmente Tribunal Superior Eleitoral, Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça.

Procurador licenciado, Cardozo tem livre trânsito nos tribunais superiores.

Além disso, tem perfil conciliador e dialoga bem com a oposição, características que podem diminuir os atritos em um ano eleitoral.

Para completar, Cardozo ainda faz parte da mesma tendência partidária que Tarso Genro, a Mensagem ao Partido.

Após audiência com Lula ontem, o ministro da Justiça não quis manifestar preferência por qualquer dos nomes.

“Convivi três anos com Barreto e sei da sua competência técnica; já Cardozo é um grande jurista e um deputado qualificado ” , comentou.

“Caberá ao presidente Lula definir quem será o substituto; do meu ponto de vista, os dois são ótimos nomes ” , ressaltou o ministro.

Segundo um auxiliar do presidente, Lula, apesar das qualificações de Cardozo, pode optar pelo secretário-executivo para evitar uma crise desnecessária em uma Pasta tão importante para o governo.

Uma exceção à regra no Ministério da Justiça poderia fazer com que Luiz Paulo Barreto pensasse estar desprestigiado e levá-lo a pedir para sair.

” Não seria algo proveitoso nessa reta final de mandato ” , avaliou um ministro próximo ao presidente.

Genro levou ontem ao presidente Lula um balanço de todas as ações desenvolvidas pelo Ministério da Justiça, com a intenção de mostrar que não faria diferença ele se desincompatibilizar agora ou no prazo máximo estabelecido pela legislação eleitoral – a data limite é 3 de abril: “Tenho um sentimento de saudade misturado ao de dever cumprido; estou nesse governo há sete anos.

” A primeira função exercida por ele foi presidir o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), em 2003.

Depois, Genro deixou o governo, retornando no início de 2004, para assumir o Ministério da Educação.

Pediu nova licença, no auge da crise do mensalão, em 2005, para ocupar o cargo de presidente nacional do PT.

Ocupou mais duas Pastas no Executivo após essa breve missão partidária: ministro da coordenação política e, por último, ministro da Justiça.

Tão logo deixe o governo, Genro começa a viajar pelo interior do Rio Grande do Sul.

“É um Estado complexo e muito politizado.

Mas o presidente estará comigo na campanha para nos ajudar a ganhar a eleição ” , declarou o ministro da Justiça.