Nestlé tenta ocupar o espaço deixado pela Parmalat no País

A Nestlé pretende, no Brasil, ocupar o espaço deixado pela Parmalat.

“Vamos investir no avanço da Molico”, declarou em resposta ao DCI, o presidente mundial da companhia, Paul Bulcke, em entrevista coletiva em Vevey, na Suíça, transmitida via internet na última sexta-feira (19/02).

O vice-presidente da Nestlé Américas (EUA, Canadá, Caribe e América Latina) Luis Cantarell, informou ao DCI que já comprou uma planta no Brasil e “que sim, temos sim, interesse em aquisições no Brasil, no mercado nutricional”, identificando a indústria de leite como o foco da companhia no País.

Em julho de 2009, a Nestlé já havia informado o arrendamento por 35 anos da maior fábrica da Parmalat no Brasil, localizada em Carazinho, no Rio Grande do Sul, com capacidade para processar 1,6 milhão de litros de leite/dia.

O lucro de 10,42 bilhões de francos suíços (US$ 9,56 bilhões) da Nestlé, em 2009, ficou 42% menor que o exercício de 2008.

Para animar os investidores, o presidente mundial, Paul Bulcke, anunciou a recompra de 10 bilhões de francos suíços em ações e venda da unidade Alcon da divisão Pharma para reduzir a dívida da companhia.

Durante a coletiva ele preferiu enfatizar o crescimento de 1,9% do faturamento em termos reais e de 4,1% em desempenho orgânico.

Segundo ele, os fortes resultados na Ásia, África e Oceania (+6,7%) e nas Américas (+6,5%) compensaram o fraco desempenho na Europa (+0,3%).

“As bebidas prontas e em pó obtiveram bons resultados nos Estados Unidos, México, Brasil e China e continuamos a implantação do Nescafé Dolce Gusto, agora vendido em 24 países”, afirmou.

Segundo os dados divulgados, na América Latina, o Brasil obteve um crescimento orgânico de dois dígitos e houve bons desempenhos no México e nos demais países.

Nessa região, por categoria, o chocolate de café solúvel, biscoitos, culinários, e bebidas em pó e prontas para beber alcançaram um crescimento orgânico de dois dígitos.

“Os biscoitos tiveram um forte ano na América Latina, com crescimento orgânico de dois dígitos no Brasil.

Esta performance foi a principal contribuinte para melhorar nossa margem no segmento”, informou o balanço.

Paul Bulcke explicou que apesar da depressão, a Nestlé não foi afetada na América do Norte: “As famílias norte-americanas ficaram mais tempo em casa, [sem dinheiro para sair] e consumiram mais refeições prontas Stouffer e Hot Pockets, um desempenho notável em vista da evolução das condições econômicas”, comentou.

Ainda sobre os norte-americanos, ele destacou que a água Nestlé Pure Life também registrou crescimento de dois dígitos.

A temática da crise econômica na Europa manteve-se entre as ponderações sobre o resultado.

“Com o crescimento orgânico de 4,1% alcançado em ambiente desafiador do ano passado, fomos capazes de crescer substancialmente mais rápido do que a nossa indústria.

Combinado com o mais significativa melhoria de nossa margem de rentabilidade, entregamos a nossa projeção em consonância com o longo prazo da Nestlé”.

Paul Bulcke dirigindo-se aos investidores contou os planos mundiais para 2010.

“Nosso desempenho 2009 foi uma base ampla em todas as categorias e regiões, e demonstra a nossa capacidade de entregar a curto prazo enquanto continuamos a investir para o longo prazo.

Para 2010, espero que o nosso negócio Alimentos e Bebidas possa alcançar um maior crescimento orgânico do que em 2009 e um aumento da margem em moeda constante.

Esta confiança também se reflete na nossa proposta de aumento de 14,3% nos dividendos, bem como nossos planos de recompra de 10 bilhões de francos suíços em ações ainda esse ano”, informando a remuneração dos acionistas.

O crescimento orgânico na Zona da Ásia, África e Oceania manteve-se em alta de 6,7%, com destaque para as vendas de café solúvel, chocolate e das bebidas em pó para Grande China,