Lentidão no trânsito do Rio será 63% maior em 2016, diz estudo

Um estudo apresentado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan) nesta quarta-feira (03/03) afirma que o trânsito no Rio de Janeiro deve piorar significativamente com a chegada da Olimpíada de 2016. Segundo o estudo, a extensão dos engarrafamentos deverá ficar 63% maior em 2016, chegando a 154 km de congestionamentos, índice 60 km superior à média de lentidão atual. A Firjan considera insuficientes os projetos de transporte apresentados pelo Rio ao Comitê Olímpico Internacional (COI). A principal crítica é que os investimentos privilegiam o transporte rodoviário, enquanto trem e metrô ficam em segundo plano.

Com mais 200 mil pessoas no Rio, em seis anos, serão necessárias mais 2,1 mil vans circulando, além de 2 mil táxis, aponta a Firjan.

Só no transporte alternativo, o número de passageiros vai crescer 83,3%, chegando a 165 mil por hora. O aumento também das frotas de coletivos, táxis e carros particulares causará nó no trânsito: os congestionamentos chegarão a 154 km, 60 km a mais do que os atuais. E a projeção nem considera a demanda gerada por visitantes (delegações e turistas) no ano dos Jogos.

“Os projetos não são suficientes. É preciso expandir a cobertura das redes de trem e metrô. Ninguém aguenta ficar três horas em engarrafamento da Baixada ao Centro do Rio”, diz Cristiano Prado, gerente de Infraestrutura e Novos Investimentos da Firjan. O secretário municipal de Transportes, Alexandre Sansão, contestou o estudo. “O projeto olímpico é vitorioso e foi avaliado. Tem credibilidade. Mas estamos tomando outras medidas. Uma é a reestruturação e integração entre as linhas de ônibus e ordenamento do transporte alternativo”, ponderou.

O secretário estadual, Julio Lopes, diz que os ônibus rápidos (BRTs), principal alvo das críticas, são estratégicos. “Nos ajudaram a conquistar a sede. E agora vamos ligar a Barra à Zona Sul com a Linha 4 do metrô. Será um sucesso”, crê.

Especialistas em transporte apresentaram possíveis soluções para evitar um caos ainda maior em 2016. Para o consultor da Firjan Ronaldo Balassiano, da Coppe/UFRJ, os problemas atuais mostram o quanto será difícil construir um sistema de transporte digno de uma Olimpíada. “O modelo de transporte carioca é falho. O metrô hoje não tem capacidade para suportar a demanda e o Bilhete Único beneficia uma só parcela da população. É preciso focar na integração e na expansão das linhas de trem e metrô”, alertou. O engenheiro Fernando Mac Dowell, que foi convocado pelo governo federal para montar um “plano B” para o projeto apresentado ao COI, salientou que o transporte alternativo é mal distribuído. “É possível fazer um sistema com maior abrangência e menor custo”. A pesquisadora Milena Bodner levantou a possibilidade de aproveitar melhor a Baía de Guanabara, e o ex-prefeito de Curitiba, Jaime Lerner, defendeu a ampliação dos corredores de ônibus BRT.