Demanda asiática deve alavancar produção de celulares no Brasil

A alta demanda por smartphones no mercado asiático deve estimular o crescimento do mercado brasileiro, sem tirar o Brasil da rota de fabricação desses produtos. A oferta de novas licenças 3G na China e na Índia deve atrair a atenção dos fabricantes para a alta demanda, que pode movimentar US$ 44 bilhões apenas na China até 2011. Ao mesmo tempo, o mercado brasileiro tem atraído novos fabricantes e a chinesa Huawei entra, no segundo semestre deste ano, como a sexta fabricante de celulares inteligentes no Brasil para disputar as léguas deste segmento que deve ultrapassar o número de computadores pessoais nos próximos três anos. Na última semana a Research In Motion (RIM, fabricante do Blackberry) anunciou que fabricaria os telefones no Brasil.

Ao contrário do que se poderia esperar, o aumento da demanda na Ásia não deve dar início a uma retirada dos fabricantes do País. Mas, segundo Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco, as empresas terão fôlego para investir em ambas as operações, e ainda com possibilidade de redução do preço dos insumos, o que traria um reflexo positivo ao mercado brasileiro que importa esses componentes.

Outro grande motivo são os incentivos fiscais para a produção no Brasil, que reduzem em cerca de um terço o custo desses produtos. Luis Fonseca, diretor de Terminais da Huawei, explica que para a fabricação local de celulares as empresas são isentas de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Além disso, o Imposto sobre Produtos Industrializados cai de 15% para 3%, no Estado de São Paulo. “A importação de componentes também é menos tributada que a de produtos prontos. Cai de 16% para 13%, o que viabiliza produtos de alto valor”, explica Fonseca.

Atualmente, Nokia, LG Electronics, Samsung e Sony Ericsson produzem esses aparelhos no Brasil. Segundo o International Data Corporation (IDC), em 2009 foram vendidos 2 milhões de smartphones no País.

João Paulo Bruder, analista de telecomunicações do IDC, afirma que a receita com serviços de voz das operadoras está caindo e isso abre espaço para que as empresas reforcem as estratégias para os planos de dados. “Podemos esperar smartphones a US$ 150 [menos de R$ 300] este ano”, diz o analista. O valor dos aparelhos varia de acordo com o plano da operadora, mas custam hoje pelo menos duas vezes este valor.

Com telefones mais baratos, capazes de interagir de maneira prática e eficiente com a internet, a contribuição dos planos de dados deve incrementar ainda mais a receita de serviços das operadoras. Segundo a Teleco, em 2009, mais de 26% da receita de serviços das operadoras vieram da receita de dados. Em 2010, cerca de 15 milhões de dispositivos terão acesso a banda larga móvel.

Os smartphones devem ultrapassar o número de computadores pessoais (PCs) nos próximos três anos, segundo Paulo Breviglieri, presidente da fabricante Qualcomm no Brasil.