Crédito para empresas tem queda em janeiro

Depois de acumular altas durante todo o segundo semestre de 2009, o estoque total de crédito para pessoa jurídica inicia 2010 com queda, segundo dados do Banco Central, a um estoque de R$ 396,8 bilhões em janeiro, 0,2% inferior ao de dezembro de 2009.

O estoque de crédito do sistema financeiro nacional teve um crescimento de 0,7% no primeiro mês, a R$ 1,422 trilhão, puxado pela pessoa física, com alta de 1,8%, a R$ 325,3 bilhões.

Para o professor de Finanças da Brazilian Business School (BBS), Ricardo Torres, a baixa no crédito a empresas foi pontual e é explicada pela sazonalidade do início do ano.

“Em janeiro, muitas empresas reduzem o ritmo de atividade, dão férias coletivas. O acadêmico acredita ainda que em fevereiro já deverá haver mudanças no relatório do BC. “No entanto é um mês com menos dias e influenciado pelo período de carnaval.

Mas em março já deverá haver uma puxada forte do setor”, explica. As taxas de juros também voltaram a subir, depois de apresentarem queda durante todo o último trimestre de 2009.

A cobrança média ficou em 35,1% no mês passado, superior aos 34,3% praticados em dezembro de 2009.

Segundo o BC, o encarecimento do crédito foi liderado pelas operações para empresas, cujo juro médio subiu de 25,5% em dezembro para 26,5% em janeiro.

Nos financiamentos para pessoa física, a taxa avançou de 42,7% para 43%.

Boa parte do aumento do juro em janeiro é explicada pela elevação do spread médio praticado nessas operações, que é a diferença entre a taxa de captação e o juro praticado no empréstimo desses recursos.

Na média, o spread subiu de 24,4 pontos percentuais em dezembro para 25,1 pontos percentuais em janeiro.

Novamente, a alta foi observada com mais intensidade para as empresas, cujo spread médio subiu de 16,5 pontos percentuais para 17,5 pontos percentuais.

Nos empréstimos a pessoas físicas, o spread médio avançou de 31,6 pontos percentuais para 31,8 pontos percentuais.

Para Torres, a alta é explicada por uma expectativa de crescimento da Selic, aliada a uma maior percepção de risco, devido a crises em países europeus, como Grécia e Espanha.

“As instituições já estão precificando um aumento da Selic em março. No entanto, ainda acredito que ocorra mais para o meio do ano.

” Segundo o professor, há reajustes sazonais em janeiro, como contas de eletricidade, escola, material escolar, que pesam no índice de inflação, mas que não se repetirão ao longo do ano. “Esse temor é proveniente de coisas pontuais. A taxa média de inadimplência, por outro lado, caiu para 5,5%, ante 5,6% em dezembro de 2009.

O chefe adjunto do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel, anunciou que a instituição revisou para baixo sua projeção oficial de crescimento das operações de crédito em 2010.

A estimativa, que previa expansão de 20%, foi reduzida para 19%.

“É uma mudança marginal”, minimizou o executivo.

Segundo ele, a alteração da previsão de crescimento foi resultado das mudanças das condições macroeconômicas, o que afeta a projeção feita pelo modelo econométrico adotado pela instituição.

“Rodamos o modelo mês a mês. É natural termos ajustes”, disse. Mesmo com a revisão feita pelo Banco Central sobre o ritmo de crescimento dos financiamentos, a autoridade monetária manteve a previsão de que a participação do crédito no PIB deve atingir 48% no fim deste ano.

No primeiro mês de 2010, o percentual estava em 44,6%.