Crédito anima Santander a prever expansão

Mesmo com a grave crise vivida em seu país de origem, os números mostram que o banco Santander Brasil sentiu muito pouco os efeitos do pior momento da economia mundial das últimas décadas.

Apesar de registrar crescimento de somente 1,7% no ano passado em sua carteira de crédito, que chegou a R$ 138,394 bilhões, o lucro da instituição, segundo os padrões brasileiros de contabilidade (BRGaap) foi de R$ 5,508 bilhões em 2009, um avanço de 40,8% em relação ao ano anterior, sem levar em conta a amortização de ágio pela aquisição do Banco ABN Real.

Para este ano, o presidente do Grupo Santander Brasil, Fábio Barbosa, espera um crescimento mais significativo na carteira de crédito e consequentemente, nos resultado final.

“Evitamos fazer uma projeção exata, mas podemos dizer que no Brasil, para cada 1 ponto percentual de crescimento do PIB, o crédito cresce de 2 a 2,5 pontos percentuais.

Portanto, estamos otimistas”, afirma.

E o crédito já deu sinais de recuperação no último trimestre do ano passado.

O crescimento entre outubro e dezembro foi de 4,1%, em relação ao do terceiro trimestre de 2009, com destaque para a carteira de grandes empresas, que cresceu 7,7%.

“Este ano esperamos um crescimento mais acelerado no crédito para pequenas e médias empresas, já que as grandes devem voltar a se financiar no mercado de capitais”, afirma Barbosa.

No ano passado, esse segmento registrou queda de 5,5%, mas no quarto trimestre, houve incremento de 4,5%.

A favor do banco este ano estará também o grande volume de capital disponível para emprestar.

Por conta da oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) realizada no ano passado, o Índice de Basileia – relação entre o volume emprestado e o patrimônio da instituição – está em 25,6%.

O Banco Central determina que essa relação não fique abaixo de 11%.

“Essa posição não é a ideal para o banco, mas para aumentar nossa carteira temos de investir em agências, e nossa meta é abrir até 150 novas agências em 2010”, conta Barbosa.

No que diz respeito à inadimplência, as operações com atraso superior a 90 dias representavam 5,9% da carteira total do banco ao fim de 2009, contra 3,9% em relação a 31 de dezembro de 2008.

Mas, nesse quesito, os números também já dão sinais de melhora, já que o nível de atrasos fechou o terceiro trimestre do ano passado em 6,5% da carteira.

“Nós não temos um patamar ideal, mas acreditamos que os níveis de inadimplência vão continuar a cair”, afirma o presidente do Santander.

Nas operações para pessoa física, houve um crescimento de 33% nas operações de crédito consignado, 30,6% no imobiliário e 21,4% em cartões.

Mas no financiamento de veículos, o incremento foi de somente 2,8%.

“Esse baixo crescimento é resultado de uma estratégia do banco: esta linha tem uma rentabilidade pequena, e nós resolvemos deixar de brigar por participação no mercado, e procuramos melhorar o resultado”, afirma Barbosa.

Um dos fatores que contribuíram para o bom resultado do Santander em 2009 foi a sinergia de custos pela fusão com o Real.

“Tínhamos uma meta de conseguir R$ 800 milhões em sinergia de gastos no ano passado, e conseguimos atingir R$ 1,1 bilhão”, conta Barbosa.

O banco projeta atingir R$ 1,6 bilhão em sinergia no decorrer deste ano, e mais R$ 2,4 bilhões no próximo ano.

“Esperamos finalizar a última etapa da integração entre os dois bancos até setembro.

Em maio, iniciamos o processo de integração das agências”, completa.

Outro fator importante é o crescimento das receitas com produtos e serviços do Santander em 2009.

Dos sete segmentos de origem das receitas da instituição, somente dois registraram queda: fundos de investimento (-11,2%) e comércio exterior (-3,2%).

A categoria que registrou a maior alta foi a de seguros e capitalização, com incremento