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A maioria das pessoas precisa de um ‘incentivo’ para andar
na linha: para os religiosos, é a possibilidade de ir para o
céu; para os funcionários, um aumento de salário ou uma
promoção; para o consumidor, o incentivo é figurar na lista
dos bons pagadores, que pode render melhores condições
de pagamento na compra de produtos e serviços e juros
mais baixos do que os praticados pelo mercado. Essas
são as perspectivas levantadas pelo Cadastro Positivo, um
banco de dados do “comportamento financeiro”, alimentado
com informações sobre os consumidores e o histórico dos
pagamentos feitos em dia.
Desde 1º de agosto, os varejistas podem acessar o banco
de dados, alimentado principalmente pelos próprios
consumidores, que desejam obter os benefícios alardeados pela
imprensa – até essa data, os varejistas só conseguiam saber
quem estava inadimplente (ou com o famigerado “nome sujo”).
O processo de inclusão do nome do consumidor no Cadastro
Positivo é simples: basta acessar o web site dos birôs financeiros
– como Serasa Experian e SPC Brasil – e preencher o termo de
autorização de inclusão, além de informar nome completo, CPF
e endereço. Essa “autorização” é exigida pela lei que gerou o
banco de dados, e visa manter a privacidade dos consumidores
que não querem ter as suas informações de crédito expostas.
Na prática, quando o tomador buscar crédito em um desses
varejistas, poderá assinar também o formulário que autoriza o
compartilhamento de suas informações positivas.
“Nossa previsão é que em até dois anos o cadastro positivo já
esteja em pleno funcionamento”, diz o presidente da Serasa
Experian, Ricardo Loureiro. A Serasa trabalha com cerca
de 20 empresas para adequação ao cadastro. A maioria são
financeiras ou bancos menores, como o Banco BMG, Omni,
Portocred e bancos de montadoras.
“São muitas as vantagens, a principal delas é assertividade
na análise de crédito”, garante o Gerente de Produtos
do SPC Brasil, Bruno Lozi. Já o Diretor Executivo de
Produtos da Boa Vista Serviços, Leonardo Soares, acredita
que a listagem de bons pagadores será complementar
aos sistemas que já existiam antes. “O Brasil tem um
mercado sofisticado de análise de crédito”, diz. Ele pontua
que a própria ‘liberação do empréstimo’, utilizado numa
compra parcelada, deveria ser suficiente para a inclusão do
consumidor no Cadastro Positivo, como ocorre em outros
países, e que a necessidade de autorização pode se tornar
um entrave para o sucesso da medida.
Entretanto, ele pontua os benefícios de ter mais uma
fonte de informações durante a análise de crédito, já que
o cadastro negativa pesava muito na decisão do lojista.
“Antes, qualquer contratempo financeiro que o consumidor
tinha o prejudicava por muito tempo. Essa é a chance de ele
reverter a informação em seu favor”.
Sem acesso a todas as ferramentas de que dispõem os bancos
na hora de dar crédito, a listagem positiva tem um valor
maior para os lojistas, que poderão ter acesso aos nomes dos
bons pagadores – o que o levará ao engajamento de novos
consumidores para o seu negócio. E, para tal, poderá oferecer
melhores condições de crédito para aqueles que quitam seus
débitos em dia. “A regulamentação atendeu à expectativa
do setor e tende a gerar, no futuro, juros mais baratos para
os tomadores de crédito com bom histórico de pagamento.
Acredito que vai alavancar as vendas do comércio”, avalia o
presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Junior.
PROPOSTAS
Consumidor positivo
Bons pagadores
NOVO CADASTRO CERTIFICA OS ‘BONS PAGADORES’; ENTENDA COMO ESSE BANCO DE
DADOS PODE FAVORECER O VAREJO
Mas quais são os benefícios do Cadastro Positivo para os lojistas?