O comércio da capital cearense viveu, ontem, o seu pior faturamento após 15 dias ininterruptos de greve dos motoristas e cobradores de ônibus. De acordo com o Sindicato do Comércio Varejista e Lojista de Fortaleza (Sindilojas), de uma forma geral, as vendas chegaram a cair praticamente 70% em relação a uma terça-feira normal.
“Não me lembro de um dia tão ruim para o comércio como esse. Deve fazer muito anos. O faturamento foi apenas um terço de um dia normal”, revelou o presidente do Sindilojas, Cid Alves, ressaltando, ainda, que o mais grave foi o fato de todos os setores do comércio do Centro tenham sido afetados ao mesmo tempo. “Antes, no início do movimento grevista, a gente imaginava um recuo de 20% nas vendas. Alguns setores, como artigos voltados para Copa do Mundo e eletrodomésticos, estavam suportando bem, porém, anteontem, a queda foi geral. O varejo depende da circulação de pessoas”, destacou.
Cid Alves disse, também, que algumas faltas e todos os atrasos de funcionários estão sendo abonados, além disso, segundo ele, muitos comerciantes estão bancando do próprio bolso o transporte dos empregados. “Ainda tem esse ônus extra de buscar o pessoal em casa”.
Segundo o diretor da Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL) e, também, presidente da Ação Novo Centro, Riamburgo Ximenes, às 18h00 de terça-feira, todos os estabelecimentos resolveram fechar as portas. “As pessoas ficaram apavoradas sem saber como iam voltar pra casa”.
Conforme Riamburgo, o faturamento vem despencando gradativamente com a indefinição da greve, ocasionando perdas irreparáveis para alguns comerciantes. “A cada dia, as vendas estavam caindo cerca de 40%. Na segunda-feira, chegou a 50%. E na terça foi terrível. O recuo foi uniforme pra todo mundo e ficou entre 60 e 70%”.
Para o representante da CDL, a terça-feira atípica foi o ápice de duas semanas irrecuperáveis e de prejuízos que tornaram o mês de junho praticamente perdido. “Ontem, ninguém vendeu nada. O Centro esteve morto”, desabafou Riamburgo.
Conforme o economista e, também, superintendente do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Comércio (IPDC), Alex Araújo, a situação inspira cuidados. “Se continuar dessa forma, além da insegurança, vai trazer uma grande preocupação, um receio muito grande, por conta dos prejuízos contabilizados no faturamento dos lojistas. O Centro é uma área onde moram poucas pessoas. A maioria precisa do transporte público para ir até lá”, opinou.

