Apesar do desempenho ruim das ações de 5 grandes construtoras listadas na Bolsa de Valores de São Paulo, construtoras menores e o segmento de shopping centers mantiveram os ganhos do índice imobiliário (Imob) que acumula valorização de 15,15% no ano, até ontem, 21 de novembro.
Com peso significativo no indicador, as principais companhias abertas de shopping centers registram ganhos acima de 50% em 2012. Aliansce subiu 57,01%, seguido por BR Malls com avanço de 51,56%, Multiplan com 51,36% e Iguatemi com 50,97% no corrente ano, até ontem.
Ao investidor do setor, essa boa performance dos shoppings mais que compensa as perdas expressivas de 52,95% da PDG Realty, de 48,55% da Rossi Residencial, de 31,86% da Tecnisa, de 28,41% da Brookfield, e de 7,27% da Gafisa no mesmo período.
Entre as construtoras com peso menor no Imob e menos líquidas, a situação é melhor. Helbor subiu 79,16%, Eztec em ganhos de 69,15%, JHSF avançou 57,61% e Lopes Brasil alta de 50,2% até 21 de novembro, ontem.
Mas ao investidor pouco diversificado, Thomas Chang, da equipe de análise da Um Investimentos, diz que ainda não está “convicto” da recuperação das grandes empresas do setor de construção civil na Bolsa em 2013. Ele também ressalta que os papéis de shoppings podem estar com preços considerados elevados, mas seguem com indicação positiva, frente à perspectiva de crescimento de 4% da economia brasileira no próximo ano, o que incentiva o consumo doméstico. “Os preços [das ações] estão esticados, mas a expectativa de crescimento persiste”, avalia o profissional da Um Investimentos.
Um dos destaques positivos dos balanços do terceiro trimestre foi a BR Malls. “Os números superaram as expectativas do mercado. A companhia continuou apresentando um resultado robusto, mantendo o forte crescimento dos trimestres anteriores, impulsionado pelos altos spreads nas negociações de aluguel, e a sua alta rentabilidade, com o controle nos custos dos shoppings”, avaliou Ricardo Correa, analista-chefe da Ativa Corretora.
A receita líquida da BR Malls cresceu 26,9% na comparação anual, para R$ 278,4 milhões no terceiro trimestre de 2012, e o lucro líquido alcançou R$ 100,7 milhões, dez vezes superior aos R$ 9,3 milhões do terceiro trimestre do ano anterior.
Mas ao determinar os papéis para compor as carteiras, os especialistas aconselham a análise específica de cada companhia. A equipe de análise da Ativa Corretora manteve a visão positiva para a BR Properties que já subiu 35,72% em 2012, e elevou para “marginalmente positiva” a Gafisa, ficou neutra para Multiplan e MRV Engenharia, e manteve-se negativa para Rossi Residencial, Cyrela e Brookfield.
Em relatório, o analista do Barclays, Guilherme Vilazante apontam potencial de valorização acima de 70% para os papéis descontados de PDG Realty, Rossi, Tecnisa, Brookfield e Gafisa. Para o analista da BB Investimentos, Wesley Bernabé, as perspectivas estão melhores no próximo ano em algumas companhias. “Como já foi indicado pela própria Rossi, os resultados devem continuar fracos, com melhora gradativa a partir de 2013”, disse Wesley Bernabé.
No exemplo da Cyrela, com valorização de 17,54% no ano, ele segue otimista. “Em função da redução do endividamento líquido observada ao longo dos últimos trimestres, do maior controle sobre a execução com redução do número de parceiros, aliado ao potencial de lançamentos em São Paulo, que foram postergados por atraso nas aprovações.”
Quanto aos papéis da Tecnisa, o analista da BB Investimentos continua pessimista. “A companhia, mesmo após sucessivos ajustes que impactaram negativamente seus demonstrativos financeiros, ainda não deu um indicativo de que os problemas acabaram”, afirmou Bernabé.

