O Senado dos Estados Unidos rejeitou nesta segunda-feira (26/04) uma medida para começar o debate e votação da maior reforma das medidas de regulações financeiras nos EUA desde a Grande Depressão, na primeira grande prova de fogo frente às obstruções da oposição. Antes do voto, 41 dos 100 republicanos do Senado, tinham indicado que votariam contra a moção para começar o debate da reforma financeira. Os democratas precisavam de 60 votos para frear qualquer obstrução de seus detratores, mas a medida só obteve o respaldo de 57 senadores.
A legislação que sair do Senado, que conta com o respaldo da Casa Branca, terá que ser harmonizada com a versão aprovada pela Câmara de Representantes para sua votação definitiva pelo Congresso. Entre seus principais elementos, a medida proposta pelos democratas estabelece um mecanismo para a liquidação de grandes empresas que suponham um risco para a economia; exerce uma maior supervisão federal do mercado de derivados, cujo valor se calcula em US$ 450 trilhões, e cria uma agência de proteção dos consumidores. Mas a proposta gerou discórdia nos corredores do Congresso, já que os republicanos afirmaram que ela só dará abertura para mais resgates bancários e prometeram votar contra ela.
A iniciativa para reformar a maneira que Wall Street funciona se produz enquanto o Senado investiga as acusações de suposta fraude por parte da empresa financeira Goldman Sachs. No plenário do Senado, o líder da minoria republicana na câmara alta, Mitch McConnell, disse hoje que sua bancada apóia uma reforma que “aperte os parafusos a Wall Street”, mas não da forma “apressada” como querem os democratas. Da mesma forma que, quando se opuseram à reforma de saúde, os republicanos consideram que esta legislação deve supor uma custosa ingerência do Governo na economia.
O líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, questionou se os republicanos seguirão “protegendo às instituições financeiras de Wall Street” ou se apoiarão uma lei que protegerá o cidadão. “Permanecemos dispostos a trabalhar com os republicanos que sinceramente queiram reformar Wall Street e esperamos que um acordo bipartidário resulte deste esforço, mas eles não podem jogar para os dois lados já que um voto contra o início do debate para responsabilizar a Wall Street é um voto que protege seus grandes bancos”, se queixou Reid.
A Casa Branca reiterou hoje seu apoio à legislação a fim de evitar outra crise financeira como a iniciada em 2008, que conduziu o país a uma profunda recessão econômica, com milhões de execuções hipotecárias, perda de empregos e de poder aquisitivo. A reforma financeira é outra das prioridades do presidente Barack Obama e sua aprovação se somaria à vitória política que o governante obteve março com a reforma à saúde, também em meio a disputas partidários.

