A Lojas Renner vai inaugurar neste ano um novo modelo de operação, mais compacto, com um portfólio reduzido de produtos, focado em praças menores, bairros ou ruas centrais de grandes capitais, que será o principal formato para a continuidade dos planos de expansão da rede vestuário a partir de 2013. As duas primeiras unidades serão abertas no último quadrimestre deste ano para testes, provavelmente na região Sudeste do país.
A informação foi dada no último dia 29 de abril pelo diretor de relações com investidores da companhia, José Carlos Hruby, durante anúncio do crescimento de 239,8% no lucro líquido consolidado da companhia no primeiro trimestre ante o mesmo período de 2009, para R$ 36,9 milhões. A receita líquida total (incluindo serviços financeiros) aumentou 20,7%, para R$ 505,7 milhões, enquanto as vendas líquidas de mercadorias subiram 21,4%, para R$ 440,2 milhões. As vendas em mesmas lojas tiveram expansão de 15,1%.
Segundo o executivo, depois de atingir a meta de 180 lojas convencionais em todos os Estados brasileiros, a Renner vai recorrer às lojas compactas para seguir crescendo, mas ainda não há uma definição sobre quantas delas serão abertas. Ao longo de 2010, excluindo o novo modelo, a rede será ampliada de 120 para 132 pontos de venda. A empresa entende que nos próximos anos será possível retomar o ritmo de expansão pré-crise, de cerca de 15 lojas por ano.
As lojas compactas terão de 1 mil a 1,2 mil m² de área de vendas, ante a média atual de 2,1 mil a 2,2 mil m². O mix de produtos ainda está em definição, mas deverá ser focado no vestuário, deixando de lado itens como acessórios e calçados. Além disso, as áreas de apoio ? para treinamento e estoques, por exemplo serão reduzidas. Dessa forma, o investimento em uma unidade desse tipo deverá cair pela metade em comparação aos R$ 5 milhões a R$ 6 milhões gastos para a abertura de uma loja nos padrões médios atuais.
Hruby também confirmou que a estratégia de expansão da Renner passa por aquisições, como a que chegou a ser negociada com a fluminense Leader, em 2008, mas acabou abortada em função do estouro da crise. “Estamos olhando as oportunidades”, disse o executivo. Segundo ele, o alvo é uma rede que possa ser expandida para todo o país e voltada para os consumidores das classes C e D – a Renner é focada nos segmentos A e B. “E vamos manter a marca”, adiantou.
O plano de investimentos fixos da varejista para este ano é de R$ 140 milhões, o dobro de 2009, e inclui, além da abertura da primeira loja no Estado de Alagoas (em Maceió), em março, a inauguração da unidade de 3,2 mil m² de área de vendas na avenida Paulista, quase em frente à Fiesp, em São Paulo, marcada para 5 de maio e orçada em R$ 6 milhões. O programa para 2010 ainda prevê novas unidades no Sudeste e no Nordeste e no segundo semestre a rede também vai estrear em Tocantins (Palmas). “Vai ficar faltando apenas Maranhão e Piauí, onde devemos chegar em um ou dois anos”, disse o executivo.
Conforme o diretor, o primeiro trimestre de 2010 seguiu em linha com o aquecimento dos negócios registrado no fim de 2009 e o cenário positivo deve manter-se por todo o ano, impulsionado pelo crescimento da renda e do emprego no país. A disputa presidencial não assusta, segundo ele, pois não há possibilidade de estresse como o verificado às vésperas da primeira eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que fez explodir a cotação do dólar na época.
O aumento da taxa básica de juros de 8,75% para 9,5% nesta semana também deve ter efeitos limitados, pois as vendas financiadas da Renner com encargos (em seis a oito vezes sem entrada) representam apenas 12% a 13% das receitas, conforme Hruby. A última mexida da rede na taxa cobrada dos clientes foi de 6,5% para 5,99% em julho do ano passado, e uma nova modificação vai depender da evolução dos custos de captação de recursos para financiar as vendas e também do comportamento dos concorrentes, informou o executivo.

