Quando a franquia não é um “sucesso”

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É possível aprender com o fracasso: essa é a lição dos fundadores do Billy the Grill, rede que faturou R$ 50 milhões em 2015 – apenas no Estado do Rio de Janeiro

O desejo de comandar o próprio negócio nem sempre resulta em uma experiência positiva. Essa foi a lição aprendida pelo engenheiro elétrico, Luís Felipe Costa. Depois de uma experiência bem sucedida na Ambev, empresa na qual passou de estagiário à gestor, Costa decidiu, em 2009, abrir em parceria com o irmão Luiz Sergio, uma franquia de uma rede de alimentação. A promessa: suporte em treinamento, manual e receita, tudo isso com um bom investimento inicial. Porém, a história não se desenvolveu assim.

O investimento inicial triplicou, o treinamento da franqueadora não aconteceu e Luiz Felipe e Luiz Sergio tiveram que aprender na prática. Mesmo assim, os resultados não apareciam. A concorrência era grande e a experiência em administração, mínima. E, sem o suporte da franqueadora, os problemas começaram a aparecer, a dívidas aumentaram e os irmãos tiveram que repensar o negócio.

Em 18 meses de atuação, os irmãos já contavam mais de R$ 700 mil em dívidas. "Não tínhamos experiência suficiente para administrarmos um negócio e não recebemos suporte do franqueador para nos ajudar a fazer as coisas funcionarem. Com isso, vimos a loja afundar." Naquele momento, só viam duas opções – desistir de empreender (e perder o tempo e capital investidos) ou começarem a tocar um negócio próprio, aproveitando-se da expertise adquirida.

PA(I)TROCÍNIO

Então, surgiu uma figura muito importante para a virada da história: o pai. Foi ele quem financiou a decisão e engajou os filhos na segunda opção. Luiz Felipe fez cursos relacionados a gestão de restaurantes, fez o Empretec oferecido pelo Sebrae, participou de feiras e eventos do setor para conhecer fornecedores, enquanto seu irmão se especializou em Gastronomia.

Foi um pulo para lançar o Billy The Grill, em 2010. O grande diferencial do restaurante, descrito como fast food em estilo country, são as carnes grelhadas servidas em pedra sabão com deliciosos acompanhamentos – todos eles surgidos de receitas caseiras.

Com a criação do restaurante e a reorganização financeira que se seguiu, os negócios dos irmãos decolaram. Na franquia, a dupla se empenhou para não cometer os erros do passado. "Resolvemos focar no Rio de Janeiro. Como tivemos pouco suporte, decidimos manter as operações mais próximas da gente", afirma Luiz Felipe.

CARNES NOBRES E ACOMPANHAMENTOS CASEIROS

Em pouco tempo, o Billy The Grill ganhou destaque nas praças de alimentação do Rio de Janeiro e região metropolitana fluminense oferecendo, além das carnes nobres, petiscos, hambúrgueres, sobremesas e combos. Atualmente são 38 lojas (apenas uma em Minas Gerais) com previsão de abertura da 39ª em breve. A regionalização é uma estratégia: iniciando a expansão no próprio Estado, os sócios podem acompanhar todo o procedimento dos franqueados e manter a padronização. "Somente agora, que sentimos que o negócio está consolidado por aqui, é que vamos partir para outros Estados", revela Luiz Felipe.

Logo os resultados apareceram não só em vendas – a rede teve faturamento de R$ 50 milhões em 2015 – mas, também, em certificações – como no Selo de Excelência em Franchising, que a rede recebeu da Associação Brasileira de Franchising no Rio de Janeiro (ABF-Rio). E, mesmo assim, o fundador da rede não parou de estudar. Ele concluiu a pós graduação em gestão de franquias pela ESPM. Na mesma época, foi chamado para ser diretor da ABF-Rio.

A especialização, os resultados com o Billy the Grill e a abertura da segunda rede de franquias (o Vizinhando, especializada na comercialização de espetinhos), o credenciaram ao cargo de Gestor de Novos Negócios. O empreendedor reforça a importância de fazer cursos relacionados à gestão de restaurantes e de participar de feiras e eventos do setor para conhecer fornecedores. "O mercado de franquias exige dedicação e aplicação prática de conhecimento. Para isso, é fundamental investir em cursos e formação profissional no setor de franchising, que se expande a cada ano", explica Luiz Felipe.

ENGAJAMENTO SOCIAL

Outro destaque desses jovens empresários é o engajamento social. Por meio do Billy The Grill, tornaram-se parceiros do projeto Craque do Amanhã em São Gonçalo, que disponibilizam nas lojas de maior movimento urnas para doação voluntária. As arrecadações são doadas ao projeto, que tem como objetivo utilizar a prática futebolística na formação de crianças e jovens.

"É uma das primeiras ações solidárias que participamos e a ideia é repetir a experiência em prol de outras causas e instituições. É muito enriquecedor para a equipe Billy The Grill esse envolvimento solidário com os clientes, que participam ativamente de nossas campanhas. Acredito que seja uma forma de ir além da proposta gastronômica, ajudando o próximo e conscientizando a clientela", resume Luiz Felipe.

As perspectivas para 2017 são de ampliar ainda mais a rede. Já consolidada as operações no Rio, a marca Billy The Grill buscará expansão para outros estados do Sudeste.