O início de outubro é muito cedo para se pensar em Natal? Não, pelo menos na opinião de alguns comerciantes da cidade de Brasília. Para eles, embora o Dia das Crianças ainda nem tenha chegado, o fim de ano é por excelência a época de maior lucro e, quanto mais cedo começar a preparação, melhor. Estamos falando das lojas especializadas em artigos de decoração para a data festiva, que atendem à demanda de condomínios, órgãos públicos, shoppings, do próprio comércio varejista comum e, em menor escala, de consumidores finais interessados em enfeitar a casa de forma mais incrementada.
Geralmente, os proprietários desse tipo de negócio percorrem feiras em São Paulo e lojas especializadas no exterior no período de janeiro a maio. Em setembro, abrem as portas para dar ao público-alvo a oportunidade de entrar em contato com tendências e novidades e planejar as compras. A maior parte de suas vendas se concentra na segunda quinzena de outubro e ao longo do mês de novembro.
Com estande na Feira dos Importados há mais de duas décadas e ocupando um espaço há dois anos na 109 Sul, a Carmem Christmas foi pioneira na especialização em itens de decoração de Natal no DF. Bruna Marques Pessoa, uma das proprietárias, relata que a mãe, Carmem Marques Lima, inicialmente trabalhava apenas com artigos decorativos comuns na loja da Feira. Em 1994, em uma viagem ao Paraguai, percebeu a proliferação naquele país de estabelecimentos que vendiam enfeites natalinos. Descobriu produtos diferentes dos que eram comercializados no Brasil e que encontraram boa aceitação por parte do público brasiliense.
“A mudança foi acontecendo aos poucos. Hoje, a loja da Feira dos Importados troca todo o estoque normal pelo de Natal quando vai se aproximando a época da festa. Há um tempo atrás, alugamos o espaço na Asa Sul, que é exclusivamente para peças natalinas e fica fechado de janeiro a setembro”, conta Bruna. Ela relata que, hoje em dia, os enfeites especiais vendidos nas duas lojas são escolhidos a dedo por ela e pela mãe em viagens anuais a Nova York, Estados Unidos, que geralmente acontecem em janeiro. “Você acabou de fechar a loja e já está comprando de novo porque a mercadoria só chega ao Brasil em julho”, explica a empresária.
A família é proprietária de mais dois estabelecimentos em Brasília que trabalham com decoração comum. Entretanto, Bruna não hesita em dizer que os artigos de Natal respondem pelo grosso do faturamento total. “(O ganho) chega a aumentar de 60% a 70% quando entramos com os produtos natalinos”, garante. A Carmem Christmas tem artigos para todos os gostos e bolsos. Desde penduricalhos pequenos para árvores, no valor de R$ 1, a um enorme pinheiro de três metros de altura com bolas, bonecos e guirlandas que, decorado, custa na faixa de R$ 8 mil.
Na loja atacadista Rei das Embalagens, na quadra 513 Sul, o investimento é em artigos natalinos mais populares. Gustavo Morais, gerente administrativo do estabelecimento, conta que o filão da decoração de Natal foi descoberto pelos donos há oito anos. Antes, o comércio, que funciona há 14 anos, trabalhava exclusivamente com embalagens descartáveis, produtos de confeitaria, chocolates e ministrava cursos de culinária. “Começamos a frequentar uma série de feiras em São Paulo, que geralmente são realizadas em maio. As entregas dos produtos encomendados acontecem em agosto. Descobrimos que dispor nas prateleiras na segunda quinzena de setembro é bom para mostrar as novidades”, afirma. Este ano, para cativar quem quiser decorar estabelecimento comercial, prédio ou residência, a empresa está apostando nos duendes e fadinhas, que também foram sucesso em 2009.