Pão de Açúcar compra 40% restantes da Sendas por R$ 377 milhões

O Grupo Pão de Açúcar encerrou uma disputa que se arrastava desde 2005 com os herdeiros da rede de supermercados Sendas, do Rio de Janeiro, e vai comprar, por R$ 377 milhões, os 40% restantes das ações da varejista carioca. Em 2003, a empresa controlada por Abilio Diniz comprou 60% da Sendas logo após perder, para o Walmart, a aquisição do Bompreço, no Nordeste. Na época, o Pão de Açúcar já tinha o direito de comprar os 40% restantes, mas nunca chegou a um acordo com a família Sendas em torno do preço.

A queda de braço começou em 2005, quando os antigos controladores da rede carioca vislumbraram a possibilidade de ganhar mais por suas ações na Sendas depois que o Pão de Açúcar firmou o acordo com o Casino.A família Sendas entendeu que Abilio Diniz havia vendido o controle do grupo, o que foi contestado pela empresa em uma câmara de arbitragem ( tribunal privado indicado pelas partes).

As relações azedaram ainda mais entre 2005 e 2008, quando o Grupo Pão de Açúcar, que assumiu a gestão da Sendas, não conseguiu fazer com que a rede carioca apresentasse bons resultados, o que depreciava o seu valor .

Segundo Hugo Bethlem, vice-presidente executivo do Grupo Pão de Açúcar, o acordo feito com a família Sendas foi um “bom negócio”. O valor pago pela companhia equivale a apenas cerca de cinco ou seis vezes a geração de caixa da Sendas (pelo critério Lajida, lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização). Normalmente, as aquisições no varejo alimentar costumam ser negociadas por preços maiores do que esse. O Grupo Pão de Açúcar também conseguiu incluir nas negociações que os aluguéis pagos no Rio de Janeiro, os imóveis das lojas ainda pertencem ainda à família Sendas – não serão revistos por dez anos.

Os R$ 377 milhões acertados na aquisição serão pagos pelo Pão de Açúcar em sete parcelas, ao longo de seis anos. Duas parcelas, no valor de R$ 59 milhões e R$ 53 milhões, serão pagas em 2011. O Grupo Pão de Açúcar sequer utiliza mais a marca Sendas, cujas lojas foram convertidas em outras bandeiras. O grupo fez uma reestruturação de suas marcas e passou a concentrar seus investimentos nas bandeiras Extra e Pão de Açúcar no segmento de supermercados.