Um aumento das concessões de empréstimos a empresas de menor porte pode estar impulsionando uma elevação dos juros médios cobrados pelo Banco do Brasil da pessoa jurídica. Além disso, uma revisão em sua política de juros também pode estar influenciando a elevação da média.
Segundo levantamento do Banco Central, em dezembro de 2009, no período entre os dias três e nove, a taxa média praticada pela instituição na linha de desconto de duplicata foi de 1,71% ao mês. Em fevereiro deste ano, entre os dias dois e oito, a cobrança mensal chegou a 2,16%, enquanto no mês passado, entre os dias 16 e 22, a média ficou em 2,22% mensais. Nas linhas de capital de giro pré-fixado e conta garantida, o comportamento foi parecido. No primeiro caso, no fim do ano passado, no período analisado, a cobrança média foi de 1,52%, em fevereiro chegou a 1,7%, e em março, a 1,77%. Na conta garantida, pela ordem, a taxa mensal passou de 4,8% para 4,99%, até chegar a 5,02% no mês passado.
De acordo com informações da assessoria de imprensa do banco, não houve um aumento das taxas mínimas e máximas praticadas em 2010. Segundo o banco, as últimas alterações ocorreram em 2009, com reduções em julho e em outubro. Para o professor de Finanças da Brazilian Business School (BBS) Ricardo Torres, essa maior taxa média pode significar um aumento do segmento de médias empresas na carteira da instituição. “É um sinal positivo para a economia. Demonstra um crescimento do saldo de empréstimos do banco para clientes de middle market ou outros que não possuíam um relacionamento tão antigo com o banco, com um histórico menor.”
Para o professor de Derivativos e Riscos do Insper, Alexandre Chaia, a instituição pode estar readequando sua política de juros. Em 2009, a instituição agiu de forma agressiva na redução de taxas, para estimular o crédito durante a crise. “Com o reaquecimento do mercado, a instituição pode estar buscando um equilíbrio em seus resultados, uma vez que a rentabilidade foi afetada.” Segundo dados do Banco do Brasil, a rentabilidade sobre o patrimônio líquido (ROE) em 2009 foi de 30,7%, contra 32,5% no ano anterior. O ROE total de 2009 foi puxado pelo último trimestre, quando a economia já dava sinais de reaquecimento, que chegou a 56,8%, ante 47,4% em 2008.
Para o analista de instituições financeiras da Austin Rating, Luís Miguel Santacreu, se o ano passado teve uma diferença na interpretação de como agir entre os bancos públicos e privados, em 2010 deverá ocorrer uma convergência.
Enquanto, no ano passado, os públicos atuaram diminuindo spreads e aumentando volumes, os privados se retraíram e aumentaram suas taxas de juros. “Neste ano, haverá uma concorrência maior. Os bancos públicos não irão crescer tanto, nem cortar tanto suas margens, enquanto os privados vão procurar aumentar os volumes e diminuir taxas.” Ainda segundo ele, o BB deverá ter uma atuação mais próxima do mercado neste ano, devido à política adotada no ano passado. “O banco já carrega uma carteira com precificação baixa. Se mantiver essa atuação e não repassar um possível aumento da Selic, por exemplo, e continuar precificando abaixo do mercado, pode começar a ver seus índices de rentabilidade afetados”, explica o especialista da Austin.

