Sob o comando de Nildemar Secches, a BRF tornou-se uma das maiores empresas de proteína animal do mundo. Agora, com o empresário Abilio Diniz à frente da companhia, os analistas esperam uma nova fase: a transformação da BRF em uma Nestlé dos Trópicos.
A expectativa do mercado foi captada por um relatório do Bank of America Merril Lynch (BofA), assinado pelos analistas Fernando Ferreira e Isabella Simonato. “Vemos um crescente interesse dos investidores em compreender se é possível uma mudança radical da estratégia da BRF, e se a empresa poderia se tornar uma companhia de alimentos processados (como a Nestlé, Danone e muitas outras)”, escrevem os analistas.
A principal razão do desejo dos investidores em ver grandes mudanças na BRF é torná-la mais rentável. Segundo o BofA, nos últimos três anos, a BRF apresentou uma margem líquida de 2,9% a 5,3%, “bem menor” que a da Nestlé (10% a 12%) e Danone (8% a 11%).
A baixa rentabilidade da empresa, segundo os analistas, decorre da concentração da BRF em produtos de baixo valor agregado. De acordo com o BofA, a carne de frango ou porco representaram 41% das vendas da empresa e 81% de suas exportações no ano passado.
A Nestlé, por exemplo, gera 45% das vendas com produtos em pó, como o Nescafé, e 55% de alimentos industrializados, como pratos congelados, sorvetes e água mineral. O BofA admite que os industrializados apresentam uma margem menor que os produtos em pó, mas observa que ela é maior na Nestlé que a gerada pela BRF.
Outro ponto criticado pelos analistas é a concentração das exportações da BRF em poucos países – sobretudo o Oriente Médio e o Japão, que representam 54% da demanda da brasileira. Para a Nestlé, a América do Norte a Europa Ocidental representam, cada uma, cerca de 25% das exportações.

