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– Indicador de Confiança do Consumidor marca 42,8 pontos em fevereiro, mostram SPC Brasil e CNDL
Mesmo com a lenta retomada da economia, o Indicador de Confiança do Consumidor segue mostrando predomínio do pessimismo, especialmente quando se considera a avaliação do desempenho da economia. Segundo dados apurados pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), o indicador marcou 42,8 pontos em fevereiro de 2018, ligeiramente acima do observado em fevereiro de 2017 (41,4 pontos). A escala do indicador varia de zero a 100, sendo que quanto mais acima de 50 pontos o número, mais otimista se encontra o consumidor.
O Indicador de Confiança é composto por dois componentes: o Indicador de Condições Atuais, que afere o cenário momentâneo da economia e da própria vida financeira e marcou 32,4 pontos; e o Indicador de Expectativas, que avalia o que os consumidores esperam para os próximos seis meses e marcou 53,2 pontos.
De acordo com a sondagem, 74% dos brasileiros avaliam o atual momento econômico do país como ruim, contra apenas 4% que consideram a situação ótima ou boa. Quando o assunto é a avaliação da própria vida financeira, o percentual dos que consideram o momento atual como ruim cai para 38%, enquanto 12% avaliam a vida financeira de forma positiva.
“A consolidação da volta da confiança é uma condição necessária para a retomada do consumo das famílias e dos investimentos entre os empresários, mas isso dependerá, fundamentalmente, do aumento de vagas de emprego e ganhos reais de renda, depois de um longo período de queda”, avalia o presidente da CNDL, José Cesar da Costa.
– Desemprego elevado é a principal justificativa para a má avaliação da economia
O levantamento apurou que entre os que fazem uma avaliação negativa a respeito da economia brasileira, a maior parte cita o desemprego elevado como principal razão desse desalento (64%). Também aparecem com destaque os altos preços (60%) e as elevadas taxas de juros (38%), fatores que acabam inibindo o consumo.
Já entre os que classificam a própria vida financeira de forma negativa, a razão mais lembrada é o alto custo de vida, mencionada por 57% dos entrevistados, seguido pelo desemprego (35%) e pela queda da renda familiar (31%).
“Mesmo com a queda da inflação, os preços ainda incomodam em razão da perda do poder de compra em anos anteriores. Os juros, por sua vez, mesmo com a Selic na mínima histórica, permanecem elevados para as pessoas físicas e jurídicas”, explica a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
Em sentido oposto, para aqueles que veem o momento atual de sua vida como bom ou ótimo, o controle das finanças é a razão mais destacada, com 56% das citações.
– Entre pessimistas com o futuro da economia, maior parte acredita que a corrupção é entrave
Considerando os próximos seis meses, em termos percentuais 39% dos consumidores declaram-se pessimistas com o futuro da economia, enquanto 22% declaram-se otimistas. Entre os que manifestam pessimismo, 66% citam os escândalos de corrupção, que atrapalham o desempenho do país. Além desses, 46% mencionam o fato de haver muitos desempregados, 32% temem que inflação saia fora do controle, 29% dizem discordar das medidas econômicas que estão sendo adotadas e outros 29% dizem que as leis e instituições não favorecem o desenvolvimento do país.
Entre aqueles que se mostram otimistas com os próximos meses da economia, mais da metade (51%) não sabe ao certo explicar suas razões. Além desses, 24% notam que as pessoas estão voltando a consumir mais e 22% dizem que o desemprego está diminuindo. Outros 22% mencionaram a percepção de que as pessoas estão mais otimistas com a economia.
Quando o assunto é o futuro da própria vida financeira, o percentual de otimistas sobe em relação ao percentual de otimistas com a economia: 52% dizem ter boas expectativas, enquanto 13% têm expectativas ruins. Entre aqueles que declaram ter expectativas ruins com a vida financeira, a percepção de que os preços seguem aumentando foi citada por 50%.
– Custo de vida alto é a principal queixa dos consumidores
Indagados sobre o que mais tem pesado sobre a vida financeira familiar, a resposta mais ouvida é custo de vida, citado por 48%. O desemprego é a segunda resposta mais citada, lembrado por 21%. Os consumidores ainda mencionam o endividamento (15%) e a queda dos rendimentos (10%).
Se o custo de vida prejudica o orçamento familiar, é nos combustíveis que a maior parte dos consumidores sentem o aumento dos preços: 87% notaram aumento em relação a janeiro. Já 83% avaliam que houve aumento do custo da conta de luz e 80% notaram aumento nos supermercados.
De acordo com a sondagem, 56% dos consumidores exercem alguma atividade remunerada. Questionados sobre o receio de ser demitido, 8% dizem que é alto. As perspectivas dos consumidores para o cenário do emprego nos próximos meses mostram que a maior parte (39%) aposta que as oportunidades se manterão no mesmo nível de hoje. Para 32%, porém, as oportunidades serão maiores e para 18% serão menores.
– Reuniões do Copom e dos bancos centrais dos Estados Unidos e Inglaterra serão destaques nesta semana
Em nossa visão, as surpresas baixistas com a inflação e a retomada moderada da atividade no Brasil levarão o BC a um novo corte de 25 bps na taxa Selic na quarta-feira, levando-a para 6,5%. Contudo, considerando os efeitos defasados da política monetária e o balanço de riscos, o mais provável é que tenhamos o encerramento do ciclo de flexibilização monetária neste mês. Na agenda doméstica, as atenções também estarão voltadas para o IPCA-15 de março, para o qual esperamos alta de 0,09% refletindo ainda a deflação de alimentos e núcleos em patamar baixo. Já a nota do setor externo deverá reforçar a resiliência no balanço de pagamentos observada nos últimos meses, com superávit em conta corrente. Na agenda internacional, destaque para as decisões dos bancos centrais dos EUA (quarta-feira) e do Reino Unido (quinta-feira). Em relação ao FOMC, deveremos observar elevação de juros, em linha com o esperado. Será importante verificar a evolução das projeções de taxa de juros dos membros do colegiado. Atualmente, o Fed espera 3 elevações na taxa em 2018. Avaliamos que haverá uma migração para 4 altas, mas as projeções do comitê ainda não devem incorporar isso nesta reunião. Já o Bank of England deverá elevar ligeiramente o tom, em face da piora da inflação corrente e do nível de atividade um pouco mais forte que o esperado.
Atividade
– BC: queda do IBC-Br em janeiro indicou cenário de retomada mais lenta e gradual da atividade
O IBC-Br, proxy mensal do PIB, caiu 0,56% na passagem de dezembro para janeiro, ajustados os efeitos sazonais, conforme divulgado há pouco pelo Banco Central. O resultado superou a mediana das projeções do mercado, que indicava queda de 0,80%, e reverteu parte da alta de 1,2% observada no mês anterior. Na comparação interanual, houve expansão de 3,0%. Esse resultado, somado a outros indicadores de atividade divulgados anteriormente, indica uma retomada mais lenta e gradual da atividade econômica, em linha com nossa projeção de crescimento de 0,5% do PIB no primeiro trimestre desse ano.
– IBGE: setor de serviços recuou na passagem de dezembro para janeiro
O volume de serviços prestados às famílias e empresas recuou 1,9% entre dezembro e janeiro, descontada a sazonalidade, segundo a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada na última sexta-feira pelo IBGE. Essa queda veio após duas altas anteriores, de 1,0% em novembro e de 1,5% em dezembro. Na comparação interanual, o indicador registrou retração de 1,3% nesta leitura, surpreendendo negativamente o mercado, que esperava avanço de 0,8%. O recuo em relação a dezembro foi bastante disseminado, com quatro das cinco categorias registrando resultados negativos. A receita nominal, por sua vez, apresentou queda de 2,3% na margem (sem sazonalidade) e alta de 1,2% ante o mesmo mês do ano passado. Apesar desse resultado, mantemos expectativa de retomada gradual da atividade do setor, condizente com nosso cenário de crescimento de 0,5% do PIB no primeiro trimestre do ano.
Internacional
– EUA: produção industrial de fevereiro surpreendeu positivamente
A produção industrial dos Estados Unidos cresceu 1,1% na passagem de janeiro para fevereiro, segundo a série com ajuste sazonal divulgada na sexta-feira pelo Federal Reserve. Tal resultado mais que compensou a queda anterior, de 0,3%, e surpreendeu as expectativas do mercado (0,4%). Os principais responsáveis pelo avanço do indicador foram os setores manufatureiro e de mineração, com altas de 1,2% e 4,3%, nessa ordem. Por outro lado, o segmento de serviços industriais de utilidade pública contribuiu negativamente, com queda de 4,7% na margem. A utilização da capacidade instalada também teve desempenho positivo, oscilando de 77,4% em janeiro para 78,1% em fevereiro, o que superou a mediana das expectativas do mercado, de 77,7%. Apesar da surpresa positiva com os dados de produção industrial de fevereiro, o conjunto de outros indicadores aponta para uma expansão do crescimento do PIB neste primeiro trimestre menos intensa do que o esperado inicialmente, mas ainda compatível com alta de 2,6% no ano como um todo.
Tendências de Mercado
Os mercados acionários operam com tendência de baixa nesta segunda-feira, à espera das decisões de política monetária de diversos países ao longo da semana. Na Ásia, o índice de Tóquio recuou 0,9%, pressionado pela apreciação do iene e pelas incertezas políticas em torno dos escândalos políticos que afetam o primeiro ministro, Shinzo Abe. Por sua vez, o índice de Shangai avançou 0,4%, enquanto o de Hong Kong seguiu praticamente estável. As principais bolsas europeias operam no campo negativo, mesma direção indicada pelos índices futuros das bolsas norte-americanos.
No mercado de divisas, o dólar ganha valor ante as principais moedas, com exceção da libra, que aprecia aguardando a reunião de política monetária do Banco da Inglaterra, na quinta-feira.
Nesse cenário de dólar forte, as principais commodities são negociadas em baixa. As cotações do petróleo recuam, após divulgação dos dados de perfuração de novos poços dos Estados Unidos, que mostraram um aumento na última semana. As cotações das principais commodities metálicas e agrícolas também caem.
No mercado de juros doméstico, as taxas mais curtas devem reagir ao resultado do IBC-Br e às projeções contidas no relatório Focus, divulgados há pouco, enquanto as taxas longas devem seguir a tendência internacional, mas já atentos às sinalizações do BC na reunião do Copom, nesta quarta-feira.