A BR Malls, proprietária de diversos shoppings no Brasil, planeja desembolsar R$ 500 milhões em aquisições em 2010. O valor, que até poderá ser maior se necessário, supera o orçamento de R$ 350 milhões que será destinado pela companhia à construção e expansão de empreendimentos neste ano. Diferentemente de alguns de seus concorrentes, que olham as aquisições com ressalvas, o diretor financeiro da BR Malls, Leandro Bousquet, avalia que ainda há boas oportunidades na praça.
A Multiplan e Iguatemi pensam de outra forma. Cristina Betts, vice-presidente de finanças do grupo Iguatemi, afirma que a empresa está mais interessada na construção e expansão de shoppings do que em aquisições. “Olhamos o que existe, mas a nossa preferência é pela expansão orgânica [com empreendimentos próprios]”, disse a executiva.
Segundo Isaac Peres, presidente da Multiplan, as taxas de retorno em empreendimentos construídos pela companhia são de 20%, enquanto essas taxas caem para 4% nos shoppings adquiridos. “Os lojistas estão em fase de expansão e estão em busca de novos espaços, de novos shoppings”, afirma o vice-presidente da companhia, Armando D Almeida Neto.
Com os dois concorrentes aparentemente fora do páreo – ou com pouco apetite para aquisições -, a disputa tende a ser menos acirrada para a alegria da BR Malls e os demais compradores. Em 2009, a BR Malls investiu algo entre R$ 350 milhões e R$ 400 milhões na compra de empreendimentos ou de participações maiores nos shoppings em que já detém ações.
Em média, a BR Malls possui 46% do capital dos empreendimentos em que está presente, enquanto a Multiplan e Iguatemi costumam ser majoritárias em seus shoppings. “Mas, nos nossos 13 shoppings mais importantes, que respondem por 80% de nossa receita, nossa participação média é de 75%”, diz Bousquet.
Com uma equipe dedicada a avaliar aquisições, a ordem não é apenas receber as ofertas, mas também ir atrás de negócios. Apesar de elevar o orçamento com aquisições para R$ 500 milhões, o valor ainda será bem inferior ao que foi gasto pela companhia em 2007, quando investiu R$ 1,8 bilhão.
A empresa encerrou 2009 com um caixa bruto de R$ 1,1 bilhão – no fim de 2008, ela possuía R$ 773 milhões. A companhia terminou o ano com uma dívida líquida de R$ 300 milhões. Segundo Bousquet, com o caixa existente e que ainda será gerado, a empresa possui os recursos para levar adiante seus investimentos.
O balanço da BR Malls no quarto trimestre surpreendeu os analistas. “O resultado veio acima das nossas expectativas e do consenso de mercado em termos de [lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização] e lucro líquido, e em linha em receitas”, escreveu a corretora Ativa.
No quarto trimestre, o lajida ajustado (que desconsidera os efeitos da avaliação de propriedade para investimento) atingiu R$ 110 milhões, com um crescimento de 36,6% sobre igual período de 2008. A margem lajida apresentou uma forte melhora, alcançando 85,1% no trimestre, 5,6 pontos percentuais maior que a registrada em 2008. Em todo o ano de 2009, a margem lajida (ajustada) cresceu de 75,3% para 81,4%.
O lucro líquido da BR Malls foi de R$ 85 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 20 milhões em igual período do ano anterior.
Desde que a GP saiu do capital da BR Malls, há quatro meses, as ações da companhia passaram a ser negociadas com deságio em relação à Multiplan. Até então, a BR Malls costumava ser cotada com um prêmio. “Acreditamos que as ações da BR Malls estejam relativamente barata quando comparada aos seus pares, com desconto de 16% se comparados a relação entre os múltiplos atuais com o histórico”, disse a Ativa.