Responsável por 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país), o setor de brinquedos tem boas perspectivas para este ano, principalmente pelo surgimento de novos fabricantes. Muitas vezes, o artesanato começa no quintal de casa e ganha o mercado a partir da exposição em feiras de negócios. A Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq) estima crescimento de R$ 2,5 bilhões nas vendas em 2010.
“O incremento deve-se às feiras promovidas em todo o país, que estimulam o conhecimento de novas tendências e introdução de novos fabricantes no mercado. Estas feiras respondem por 30% dos negócios anuais do setor”, disse o presidente da Abrinq, Synésio Batista da Costa. De acordo com ele, existem cerca de 440 fábricas do segmento no Brasil. Algo que possibilita ainda mais a demanda de comercialização dos produtos, principalmente em épocas como as de julho e agosto, quando os lojistas buscam recompor seus estoques para o Dia das Crianças.
“Quando falamos em comercialização de produtos, nos referimos à relação de venda entre fabricante e loja. Esta relação representa 30% das vendas do ano, e se divide em 20,3% da venda de magazines, 15,8% de autosserviços, 38,8% de lojas especializadas, 24,5% de atacadistas e 0,5% de produtos vendidos pela internet. O crescimento mais notório foi dos magazines, se traçarmos um parâmetro de 2007 até 2009”, avalia Costa.
Segundo o diretor executivo da Toys, Parties and Christmas Fair – feira que reúne expositores da cadeia produtiva de Natal, brinquedos, festas sazonais e artigos religiosos –, Frederico Cury, o evento visa a discutir tendências do setor, trocar experiências e fazer negócios. “O bom da feira é que um pequeno fabricante que não tem acesso às novidades do mercado pode fazer contatos e viabilizar negócios. E a intenção é esta mesmo: reunir mercado e gerar movimentação no setor”, ressalta.
Foi desta forma que Elisângela Silva, proprietária da empresa Potinho de Carinho, fabricante de bonecas artesanais, começou seu negócio. Ela conta que iniciou seu trabalho de forma despretensiosa, e hoje vende para todo o Brasil seus brinquedos, característicos por serem feitos à mão.
“Comecei este trabalho com o meu marido. Produzíamos os brinquedos com material reciclável, e vendíamos para amigos. Hoje, já são mais de 18 anos de empresa e, cada vez que participamos de novas feiras, a recepção é ainda melhor. Vendemos para lojistas, principalmente em shoppings centers”.
A empresária sulista, Ivani Fabris, proprietária da fábrica Gigi Fazendo Arte, tinha o artesanato como hobby, até se profissionalizar a partir da participação em feiras do setor. “Além de ser bancária, minha irmã e eu tínhamos uma loja que vendia artigos diversos. Começamos de forma incipiente, pois fabricávamos os brinquedos e os vendíamos na própria loja. Depois de participarmos de duas feiras, percebemos que o nosso lucro tinha crescido 50%, o que nos estimulou a fechar a loja e focar apenas na fábrica”, conta.
Outra empresa que começou sem maiores pretensões e conseguiu uma maior visibilidade no mercado é a goianiense Tupinambá Artesanato, empresa que, segundo a funcionária Berenice Rosa, trabalha com a produção de brinquedos oriundos da tradição indígena. “Sempre produzimos os mesmos brinquedos. Nossa matériaprima é constituída por buchas vegetais e cabaça, tudo de origem orgânica. Nossos trabalhos têm muita aceitação por lojistas de todo o estado; tanto que éramos apenas um estande de feira hippie local e, agora, somos um fabricante.
A loja de artigos infantis Oba! é um exemplo de empreendimento que começou suas atividades pelo fato de entender a importância de um brinquedo lúdico na prateleira, segundo a arquiteta e proprietária da loja, Fernanda Casagrande. Estes representam 20% do lucro total. “Os pais gostam de adquirir este tipo de brinquedo. E, com isso, as crianças acabam se acostumando desde pequenas a brincar com peças lúdicas”.