Embora ainda reste um pregão para o fechamento de maio, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) caminha para o pior desempenho mensal desde outubro de 2008, o auge da crise financeira americana, quando seu principal índice despencou 24,8%. O Ibovespa acumula queda de 8,27% em maio, um período marcado pelo agravamento da situação fiscal europeia e dos temores de um contágio da crise grega a outros países da região.
Na avaliação do economista da Gradual Investimentos, André Perfeito, o movimento da Bolsa neste mês corresponde a uma correção em relação ao ano passado, quando o Ibovespa subiu mais de 83%. “Num cenário de incerteza, a melhor estratégia é tornar-se líquido, ou seja, sair do risco. Desta forma, o investidor vai sair de posição onde já teve lucro. A queda deste mês pode ser explicada como uma espécie de movimento de realização desse lucro, com o mercado mais incerto lá fora”, comentou.
O economista não acredita que a economia sofrerá uma “onda” mais forte de recessão econômica, mas assinala que, na próxima semana, os feriados nos Estados Unidos e no Brasil deverão dar espaço para uma volatilidade nos mercados. As bolsas americanas não funcionam na segunda-feira e o mercado brasileiro fecha na quinta-feira. Além disso, uma base de comparação mais forte pode levar os próximos indicadores americanos a terem um resultado menos positivo que os divulgados anteriormente.
Apenas nesta sexta-feira (28/05), o Ibovespa recuou 0,23%, para 61.946 pontos, com giro financeiro de R$ 6,839 bilhões. Na semana, o índice subiu 2,80%. Já nos Estados Unidos, o índice Dow Jones caiu 1,19%, enquanto o Nasdaq teve desvalorização de 0,91%, e o S & P 500 se depreciou em 1,24%. Na semana, o Dow Jones caiu 0,56%, enquanto Nasdaq e S & P 500 se valorizaram em 1,26% e em 0,16%, respectivamente.
O mercado brasileiro apresentou volatilidade no início do dia, mas firmou a queda durante o período da tarde. Indicadores americanos, como o dos gastos do consumidor em abril, e o rebaixamento da nota da Espanha para “AA+” pressionaram as vendas nas bolsas. A Bovespa, entretanto, conseguiu reduzir a queda ao fim do dia, em parte ajudada pelos papéis da Petrobras, que subiram 1,40%, para R$ 28,20, e giraram R$ 567,2 milhões. Já as ações PNA da Vale caíram 0,35%, para R$ 41,95, com volume de R$ 1,093 bilhão. O terceiro papel com maior giro foi o PN do Itaú Unibanco, que teve baixa de 0,56%, a R$ 33,60, e volume de R$ 232,3 milhões.
A maior parte das ações que integram o Ibovespa fecharam a jornada em baixa, com destaque para Fibria ON, que caiu 3,46%, a R$ 28,99, JBS ON, com recuo de 3,36%, a R$ 7,18, e para Vivo PN, com desvalorização de 3,32%, a R$ 49,5. Já entre as maiores altas figuraram empresas do setor de telecomunicações. Os papéis ON da Telemar tiveram alta de 4,48%, a R$ 34, e as ações ON da TIM Participações apresentaram valorização de 2,57%, a R$ 7,18. Já os papéis ON da Natura subiram 2,16%, para R$ 37,70.