A hotelaria e as novas lojas nos shoppings impulsionaram os projetos financiados no Amazonas pelo Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), apresentados pelas empresas de comércio e serviços. Esses segmentos emprestaram quase a metade dos R$ 841,9 milhões aplicados no Estado, até novembro de 2012. No período, R$ 408,7 milhões foram liberados, 66,4% a mais do que em 2011, ultrapassando a indústria local.
De acordo com o presidente da Associação Comercial do Amazonas (ACA), Ismael Bicharra, a destinação dos recursos foi puxada pela abertura de shoppings na cidade, com lojas financiadas com recursos captados junto ao BNDES, além de projetos dos mais variados tipos, que hoje têm maior facilidade de obter os empréstimos.
“Antes, tínhamos aversão grande ao BNDES e ao FNO (Fundo Constitucional de Financiamento do Norte) porque os projetos eram aprovados via Belém (PA). Quando os empresários mandavam toda a documentação, o financiamento ficava emperrado. Depois de pressão das entidades de classe, conseguimos que as gerências locais tivessem autonomia. Em Belém, até mesmo quiosques são financiados pelo BNDES e isso não acontecia aqui”, declarou Bicharra.
Para o presidente em exercício da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Amazonas (Fecomércio-AM), Aderson Frota, o aumento dos empréstimos foi resultado da demanda das atividades de restaurantes, empreiteiras e da hotelaria, com a construção de novos hotéis, estimularam a tomada de empréstimo.
De acordo com Frota, os hotéis, por sua vez, contratam diversos segmentos da atividade de serviços, como restaurantes, lavanderias, manutenção, o que movimenta toda a economia.
“O comércio cresceu, apesar das dificuldades do ano. Isso deu maior confiança para o empresário investir, ampliar mais seus negócios. Podemos tomar como parâmetro o fato de que 54% da arrecadação de ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) vem hoje do nosso setor. O nível de desemprego do comércio foi um dos menores do ano, além disso, as pessoas saíram da inadimplência e consumiram mais”, justificou Frota.
A tendência é que o Amazonas feche 2012 com um saldo de operações superior a R$ 900 milhões, ultrapassando a marca dos R$ 880 milhões alcançados em 2011, mas, ainda bem abaixo dos R$ 2,2 bilhões liberados em 2010. A queda nos últimos dois anos se deu em grande parte ao aporte solicitado do governo à Ponte do Rio Negro, em 2010.
Indústria tem 78% de alta no crédito
Em um ano negativo para alguns segmentos, a indústria ampliou em 78% os pedidos de financiamentos em relação a 2011, até o penúltimo mês do ano passado, com R$ 207,9 milhões captados. Mais da metade foi absorvida pelo subsetor mecânico.
O vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Athaydes Mariano Félix, ressaltou que, além do contato mais estreito com o BNDES, a aprovação de projetos para novas empresas fornecedoras da indústria de Duas Rodas cresceu no ano.
“Muitas empresas estão aprovando projetos para fornecer para as fábricas do segmento de motocicletas e estão investindo mais em prédios, máquinas e equipamentos”, completou Félix, também presidente do Sindicato Indústrias Metalúrgicas. Mecânicas e de Material Elétrico de Manaus (Sinmen).
De acordo com o vice-presidente do Conselho Regional de Economia do Amazonas (Corecon-AM), Nelson Azevedo, as próprias facilidades criadas pelo BNDES ajudaram a aumentar a participação de empresas que antes não emprestavam dinheiro do banco.
“Antes, as operações do BNDES eram muito tímidas. Não sei se era por falta de maior divulgação, ou por rigidez do banco. O fato é que tínhamos dificuldade de acesso aos recursos. Mas nos últimos anos, com o advento do Cartão do BNDES, facilitação do próprio governo, vários segmentos têm aumentado o acesso”, destacou o economista.
Depois da indústria, o segmento com menos participação foi o agropecuário, com apenas R$ 1 milhão financiado.