Com baixa taxa de retorno para investimento em agricultura tradicional e até reflorestamento, as valorizadas áreas que circundam a Grande São Paulo ou até no interior do Estado atraem os fundos estrangeiros interessados em empreendimentos imobiliários de alto luxo. Neste momento, estão em andamento negociações para quatro desses empreendimentos, que juntos vão demandar R$ 500 milhões. Na liderança destes projetos estão cinco fundos de investimento: os alemães GLL Partners, KanAm Grund e Deka Immobilien e os americanos Cartica Management e Ontario Teachers Pension Plan.
A previsão inicial é de que eles sejam estabelecidos em Mogi das Cruzes, Guaratinguetá, Bragança Paulista e na região de Sorocaba. Terão o mesmo conceito dos “lakes” próximos a Las Vegas (EUA), ou seja, um hotel-âncora com campos de golfe, além de ambientes para equitação e outros atrativos típicos de ecoturismo. A infraestrutura de lazer e serviços e a extensa área verde – um deles tem 12 hectares de lagos naturais – vão servir como chamariz para, na segunda fase do projeto, atrair interessados na compra dos lotes e construção de residências.
A previsão é de que as obras da primeira fase – que compreende, basicamente, a construção do hotel-âncora – sejam iniciadas em 2011 e concluídas no mesmo ano ou no início de 2012. O projeto todo, que contempla a venda de loteamentos e a construção das residências deve prosseguir até 2015.
A multinacional americana NAI Commercial Properties foi contratada pelos fundos para assessorar na compra dos terrenos e no desenvolvimento do projeto. Aloísio Barinotti, principal executivo da NAI, afirmou não poder repassar informações, no entanto, explicou que os empreendimentos para as classes média e alta são um dos poucos que trazem retorno nessas áreas altamente valorizadas.
Na média, em atividades agrícolas se obtém retorno de 5% a 6% ao ano em relação ao valor da terra. “Devido ao alto preço dessas fazendas, esse percentual cai para níveis entre 2% e 3%”, explica Barinotti. Segundo levantamento da NAI, o metro quadrado da terra na região de Sorocaba, por exemplo, dobrou em cinco anos, de R$ 90 a R$ 100 para R$ 200. Mesmos em áreas tão valorizadas, espera-se que esses empreendimentos imobiliários de luxo tragam rentabilidade entre 10% a 12% ao ano.
Ao todo, os quatro projetos serão implantados em área de pouco mais de 1,4 mil m², distribuída nos quatro municípios. As fazendas que estão sendo compradas tinham como principal atividade cultivo de laranja, café, cana-de-açúcar, pecuária e reflorestamento.
Apesar de serem mais comuns nos Estados Unidos, sobretudo nos arredores de Las Vegas, o conceito desse tipo de empreendimento já está sendo replicado no Brasil. O mais recente é o Quinta da Baroneza, do Espírito Santo Property, em Bragança Paulista.