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O mês da Copa do Mundo termina com desempenho fraco para o varejo no país, que passou os últimos dias calculando os resultados para critérios como vendas e rentabilidade. Mercado que movimenta quase R$ 2 trilhões em vendas anuais no país, o comércio pode ter perdido de 1,5% a 3% em faturamento bruto por dia com feriados em junho. Isso equivalente a uma redução de R$ 70,8 milhões a R$ 142 milhões a cada feriado nacional, segundo projeção de duas associações ouvidas ontem. Cenário econômico preocupante, com demissões em alguns setores e persistente queda na confiança do consumidor também afetaram demanda.
A perda pode a ser maior do que a soma estimada pelas entidades, porque o valor não contabiliza os dias com funcionamento em meio período de lojas que anteciparam o fechamento. Em junho, o comércio operou parcialmente em quatro dias com jogos da seleção brasileira. O Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) prevê alta de 3,9% nas vendas em junho e de 1% em julho – abaixo da taxa de 5,1% acumulada até maio.
Executivos e entidades ouvidas concordam que uma cesta específica e limitada de produtos teve melhor desempenho em termos de demanda, mas ainda não é possível confirmar que o varejo conseguiu manter ou ampliar rentabilidade nesse período – especialmente pelo ambiente promocional que tomou conta de alguns setores no mês. Já existem liquidações de inverno em lojas de shoppings afetadas pela baixa demanda em junho, diz a Alshop, associação dos lojistas de shoppings.
Entre as categorias de produtos com vendas em dígitos mais altos estão carnes, salgadinhos e cervejas, como confirmaram as empresas Walmart e Sonda, além das associações de supermercados. "Também percebemos aumento na venda de comida pronta, com mais pessoas comendo em casa em dias de jogos", disse Rodrigo Mariano, gerente de economia e pesquisa da Associação Paulista de Supermercados (Apas).
Artigos esportivos ainda estão nesse grupo de segmentos beneficiados. "Em junho vendemos o equivalente ao apurado em todo o ano, sem perda de rentabilidade, com manutenção da margem para itens como camisa da seleção", disse Juliano Tubino vice-presidente de marketing da Netshoes.
Também nesse grupo de produtos com bom desempenho, houve aumento nas vendas de televisores na faixa de 30% a 50% em junho, apurou o Valor com duas varejistas. A rede de Lojas Colombo informou aumento de 50% nas vendas de televisores em maio e junho. O número geral do setor ainda está, porém, abaixo do volume de itens comprados pelo varejo – a produção feita para a entrega aos varejistas subiu cerca de 65% na Zona Franca de Manaus – houve fabricante que elevou a produção em 80%. Ou seja, sobra estoque de TV nas lojas em algumas redes.

