Juros resistem a dados robustos de vendas no varejo

Os juros futuros ficaram bem comportados diante dos números fortes das vendas no varejo referentes a março, divulgados nesta quarta-feira (12/05) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os contratos futuros de curto prazo encerraram a sessão perto da estabilidade, enquanto os longos recuaram.

Segundo profissionais nas mesas de operação, a curva de juros já comporta prêmios elevados na aposta de que os indicadores robustos de demanda exigirão uma postura firme do Banco Central (BC) em relação ao aperto da Selic (a taxa básica de juros da economia). Com isso, o movimento dos contratos longos foi de alívio, também favorecido pelo fluxo de investidores estrangeiros, com a avaliação de que a atuação do BC no curto prazo amenizará os riscos de inflação no futuro.

Ao término da negociação normal da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), o contrato futuro de DI com vencimento em janeiro de 2011 (328.705 contratos) projetava 11,12%, estável; o contrato de DI com vencimento em julho de 2010 (79.400 contratos) avançava de 9,72% para 9,735%; o contrato futuro de DI com vencimento em janeiro de 2012 (180.840 contratos) recuava de 12,35% para 12,29%; e o contrato futuro de DI com vencimento em janeiro de 2014 (24.230 contratos) cedia a 12,56%, ante 12,61% ontem.

A reação de alta dos DIs aos dados do varejo se limitou ao começo dos negócios. O IBGE informou que as vendas do comércio varejista subiram 1,60% em março ante fevereiro, na série com ajuste sazonal. O resultado veio dentro do esperado pelos analistas, que projetavam taxa entre zero e 2,52%, e acima da mediana de 0,95%.

Em relação a março de 2009, as vendas registraram aumento de 15,70%. Nesta comparação, as projeções variavam de 13,20% a 19,00%, com mediana de 14,95%. O IBGE também revisou para cima o dado de fevereiro ante janeiro, de 1,6% para 1,8%, e de janeiro ante dezembro, de 3,0% para 3,1%. A média móvel trimestral do varejo atingiu em março o espantoso ritmo de 2,15%, ante 1,42% no trimestre encerrado em fevereiro.

Em tese, os dados abririam espaço para uma rodada firme de alta nas taxas curtas, mas operadores explicam que a curva já tem prêmio excessivo – para a decisão do Copom em junho, a precificação já está em 0,83 ponto porcentual – para o ajuste da Selic. Além disso, não se sabe em que medida o cenário externo pode pesar no ciclo de alta, uma vez que a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) já mencionou os riscos da situação das economias na Europa.

A expectativa de que a política fiscal colabore para aplacar a inflação também favoreceu o movimento comedido dos contratos, sendo que os contratos longos podem até ter sido favorecidos pelas expectativas de cortes no orçamento para limitar os gastos do governo.