Investidores apontam como certa alta da Selic na próxima reunião do Copom

Durante o mês de março, o debate sobre a atitude do Copom em relação à política monetária acirrou-se, já que a inflação começou a pressionar e a expectativa para o IPCA em 2010 era elevada semanalmente, de acordo com o relatório Focus. Para o Itaú Unibanco, por exemplo, a inflação seria decisiva, já que naquela altura a perspectiva para o IPCA já estava acima do centro da meta (atualmente, a projeção para 2010 é de 5,18%). Por outro lado, o Bank of America, por exemplo, apostou na conservação da taxa e acertou.

No dia 17 de março, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou sua decisão de manter a Selic em 8,75% ao ano, embora a votação não tenha sido consensual, com cinco votos favoráveis à decisão e três membros pedindo um reajuste da taxa para 9,25% ao ano. Para a próxima reunião, é consenso no mercado que a autoridade monetária irá optar por elevar a taxa básica de juros do país em 50 pontos-base e dar início ao ciclo de aperto monetário, após uma política bastante acomodativa para conter os efeitos da crise no Brasil. O relatório Focus, que traz a mediana das estimativas do mercado, aponta nesse sentido.

Por um lado, a maioria dos analistas aponta para uma alta inevitável dos juros na próxima reunião, dado o “descompasso entre o ritmo de expansão da demanda doméstica e a capacidade produtiva da economia”, como a própria ata da reunião salientou. Para a LCA, por exemplo, o documento “não poderia ter sido mais claro quanto ao horizonte em que esse ajuste deverá ter início”, afirmou a consultoria em relatório. Por isso, os analistas preveem cinco elevações consecutivas de 50 pontos-base na Selic, a começar no dia 28 de abril. Outro ponto bastante destacado na ata é o trecho que afirma ter havido consenso entre os membros do Comitê “quanto à necessidade de se implementar um ajuste na taxa básica de juros”.

Para Thaís Zara, da Rosenberg & Associados, a única possibilidade para uma mudança nessa projeção seria uma reversão abrupta das condições atuais da economia, “algo que está fora do radar no momento”, conclui. O Relatório da Inflação, divulgado no final do último mês também ajuda a balisar essas apostas. De acordo com o documento trimestral divulgado pelo Banco Central, a inflação medida pelo IPCA deve ficar acima da meta de 4,5% ao ano, alcançando ao final de 2010 5,2%. Para o Santander, esse é um dos motivos catalisadores de sua revisão da decisão do Copom.

Em relatório divulgado na última quarta-feira (07/04), o banco disse acreditar em uma elevação mais agressiva de juros pelo Banco Central, em 0,75 ponto percentual, avaliando ainda as expectativas para inflação em 2010 e 2011, que devem continuar subindo. Por outro lado, o Santander não alterou sua visão de aumento de 325 pontos-base em 2010, o que deixaria a Selic em 12% ano ano. Contudo, o banco acredita que o BC irá atingir essa taxa mais cedo, na reunião de dezembro.