Importações superam exportação da indústria pela primeira vez em 11 anos

O volume de importações superou a produção brasileira exportada pela primeira vez desde 1999, mostra pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgada nesta terça-feira (01/06).

De acordo com os dados, o Coeficiente de Importações –que mede o percentual da demanda interna suprido por produtos vindos do exterior– atingiu 20,7% no primeiro trimestre, enquanto a parcela da produção industrial brasileira direcionada ao mercado externo, que é medida pelo Coeficiente de Exportações, ficou em 19,3%. O CI não ultrapassava o CE desde a adoção do regime de câmbio flexível no país, há 11 anos. Nos três primeiros meses de 2010, o Coeficiente de Exportações sofreu a terceira queda consecutiva, atingindo patamar semelhante aos níveis de 2004.

Na tendência oposta, o índice de importações subiu pela terceira vez, chegando ao terceiro maior valor da série histórica. “Uma elevação no coeficiente de importação demonstra que a competição com os importados no mercado interno está cada vez mais acirrada”, afirma a Fiesp. A entidade afirma que os dados da pesquisa confirmam as previsões para o comércio exterior brasileiro em 2010, que apontam para um cenário em que o total exportado não retornaria aos níveis pré-crise, ao contrário da expectativa para as importações.

“A combinação entre o baixo crescimento externo, câmbio valorizado e acúmulo de créditos tributários relativos às exportações, explicam a perda de mercado externo e o desvio das vendas para o aquecido mercado interno”, disse o diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Derex) da Fiesp, Roberto Giannetti da Fonseca, em nota.

Na evolução por categorias de uso, os coeficientes de bens de consumo e de capital atingiram, respectivamente 16,4% e 15,4%, os menores níveis da série histórica, iniciada em 2003. A queda foi a principal influência na redução do índice de exportações. Na direção oposta, os coeficientes de importação dos bens intermediários e dos bens de consumo apresentaram a terceira alta seguida, chegando a 20,5% e 15,1%, respectivamente.

Por outro lado, a o CI de bens de capital registrou alta de 1,9 ponto percentual, para 32,1%, interrompendo uma sequência de cinco quedas. De acordo com a Fiesp, a elevação pode ser vista como o retorno dos investimentos no país, “o que causou, portanto, um aquecimento do consumo no setor.”