A Venezuela, que sofre com interrupções no fornecimento de eletricidade, afirmou que considera propostas formais de Brasil e Colômbia para receber energia.
“Se há uma oferta da parte da Colômbia, bem, vamos analisá-la, assim como vamos fazer com uma oferta feita pelo Brasil”, afirmou o ministro de Eletricidade da Venezuela, Alí Rodríguez, em comunicado divulgado na noite de terça-feira (16/02).
Ele notou, porém, que o governo do presidente Hugo Chávez apenas aceitará uma iniciativa do tipo caso seja considerada necessária.
Funcionários colombianos teriam oferecido, no fim de semana, o envio de eletricidade à Venezuela, para ajudar a solucionar a crise energética no vizinho.
Esses funcionários teriam dito que a Colômbia tem mais eletricidade que o necessário no momento.
A aparente oferta ocorre apesar de uma longa disputa entre os dois países.
Chávez é um forte crítico da aproximação do governo do presidente colombiano, Álvaro Uribe, com os Estados Unidos.
Sobre o Brasil, Rodríguez lembrou que a Venezuela atualmente exporta uma pequena quantidade de eletricidade para o País.
Segundo o ministro, agora o Brasil propôs que a Venezuela passe a receber energia, ao invés de enviá-la.
Uma forte seca na Venezuela, que depende fortemente de hidrelétricas para seu fornecimento, causou a crise no setor, em um contexto de aumento da demanda.
Vários especialistas acusam, também, o governo local de não fazer os investimentos necessários para evitar o problema.
Como resultado, o governo determinou nos últimos meses que a eletricidade fosse racionada, impondo blecautes e limitando o horário de funcionamento de lojas, escritórios do governo e outros locais.
Rodríguez afirmou que qualquer plano de importar eletricidade de vizinhos seria algo secundário à iniciativa principal de resolver o problema energético venezuelano.
O governo local tem um plano para expandir a capacidade de geração de energia.
O ministro disse, em entrevista anterior, que o governo deve aumentar a capacidade instalada em 17% até 2010, construindo novas plantas energéticas e consertando algumas mais antigas.
A ideia é aumentar a capacidade instalada da Venezuela para quase 28 gigawatts, em comparação aos quase 24 gigawatts do início deste ano.
Muito dessa capacidade viria de complexos que gerariam energia a partir do petróleo e também de termelétricas que utilizam gás, disse o ministro.
Apenas um quarto da eletricidade da Venezuela, um país rico em petróleo, é derivado deste produto ou de termelétricas a gás.
Mais de 70% da eletricidade venezuelana vem das hidrelétricas.
O consumo de eletricidade per capita no país está bem abaixo dos países desenvolvidos, mas é o maior na América Latina.
Analistas notam que a relutância do governo em aumentar os preços da eletricidade, durante anos de forte inflação, ajudou a fazer a demanda crescer.
Isso, por outro lado, reduziu os incentivos para novos investimentos.
Ontem (17/02), o ministro de Eletricidade da Venezuela, Alí Rodríguez, afirmou que a oferta colombiana de venda de energia é suspeita, embora tenha acrescentado que consideraria a proposta com seriedade.
Rodríguez disse que o governo conservador da Colômbia ainda não fez uma oferta formal e que suspeita que Bogotá tenha como objetivo embaraçar o governo socialista de Hugo Chávez.
“É muito suspeito”, disse Rodríguez à rádio Union.
“Pode ser um movimento político, tentando colocar a Venezuela na defensiva”.