Os mercados emergentes devem se tornar cada vez mais importantes na estratégia de crescimento global do banco inglês HSBC. Segundo o presidente da instituição no Brasil, Conrado Engel, em três anos esses países deverão passar a representar 60% dos resultados mundiais, ante participação atual de aproximadamente 50%. Nessa estratégia o Brasil assume destacada importância. “Temos uma presença forte na América Latina, no Oriente Médio e na Ásia. Assim, estamos preparados para suportar o crescente comércio entre países sul-americanos e asiáticos”, diz, logo lembrando que a China já é o principal parceiro comercial do Brasil.
Para ressaltar a força do banco na Ásia, Engel lembra que o banco nasceu em Hong Kong, em 1875, quando a região era colônia do Império Britânico; o local voltou a fazer parte da China em 1997. “O Brasil é um dos principais países na estratégia de presença entre os emergentes”, disse. “Temos a ambição de sermos maiores em nossa operação aqui”, completou, em palestra na Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil (Britcham). Entre os emergentes, continuou Engel, enquanto mostrava um mapa-múndi com pontos vermelhos a assinalar os locais onde o HSBC está presente, “há um espaço em branco na África: devemos olhar o continente mais de perto nos próximos anos”.
Classificando o País como “parte importante da estrutura de competição global do HSBC”, Engel afirmou que a meta é aumentar a participação de mercado da instituição no crédito nacional em “1,5 ou 2 pontos percentuais”, passando dos atuais 5% para até 7%, em um período de três anos. “O total de crédito no País ainda é baixo, ainda é possível crescer bastante essa alavancagem”, afirma o executivo.
A meta do banco este ano é conseguir uma expansão de 20% de sua carteira de crédito, puxada pelo crédito imobiliário, a pessoa física, e repasses do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social e operações de comércio internacional. A aposta no financiamento habitacional se justifica pela representatividade de apenas 3% do PIB, com analistas de mercado que estimam que a linha possa chegar a uma participação de dois dígitos em um prazo de cinco anos. Segundo projeção de Engels, o mercado deve crescer a taxas de 40% anuais nos próximos três anos, e o HSBC deve acompanhar essa taxa de incremento, com foco no mercado de alta renda.
Dados do Banco Central mostram que o crédito imobiliário cresceu 40,2% no ano passado, chegando a um estoque de R$ 88,970 bilhões. O presidente da instituição diz ainda que além da pessoa física, o banco ainda mantém bons relacionamentos com incorporadoras e construtoras, “para financiar a obra e depois a venda”. O banco deve ainda concentrar clientes de classe C+, como definiu Engel, enquanto a financeira Losango, que possui atualmente cerca de 8 milhões de clientes, concentraria as operações de crédito ao consumo. Desse total, o banco estima que cerca de 500 mil podem ser absorvidos e tornarem-se correntistas.
Entre os repasses do BNDES, o presidente vê com atenção obras necessárias para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do pré-sal. “Já estamos participando de algumas dessas obras”, afirma. Segundo ele, o banco está bem posicionado para suportar esse crescimento esperado, com um aumento de capital de R$ 1 bilhão realizado em dezembro do ano passado. “Se for necessário, porém, a matriz está disposta a investir no País, por meio de capital direto”, afirma.
Os planos da instituição no Brasil este ano são sustentados por uma perspectiva de crescimento do PIB de 5,6%. A expectativa do banco é de que a taxa de juro básica tenha uma elevação de 0,5 ponto percentual, a 9,25%, já na próxima reunião do Conselho de Política Monetária (Copom), e encerre o ano a 12,75%.

