Por mais que eles digam que não gostam e não vão ao shopping, os números dizem o contrário: 45% dos frequentadores são homens
Eles juram que odeiam shopping e que estão lá só por acidente, mas uma pesquisa divulgada pela Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) revelou que homens e mulheres frequentam os centros de compras quase nas mesmas proporções. E mais: entre as seis capitais pesquisadas, o homem soteropolitano é o que mais vai ao shopping.
Em Salvador, cerca de 48% dos frequentadores são homens, enquanto a média nacional fica nos 45%. “Eu vim enganado. Minha mãe e minha irmã disseram que a gente vinha só almoçar”, reclamava o soldador Sidiclei Nascimento ontem, enquanto esperava a irmã experimentar uma roupa na C&A.
“Eu não gosto de shopping, acho muita confusão. Só venho de três em três meses para cortar o cabelo”, tentava despistar o aposentado Deraldo Miranda dos Reis Sobrinho, que aproveitou para ir ao banco e até comprar um sapato, no caminho do cabeleireiro. Mas no shopping, as coisas acontecem. E não é que enquanto era entrevistado pelo CORREIO, seu Deraldo encontrou um antigo amigo que não via há mais de dez anos? Encontrar pessoas é o que motiva 6% das pessoas a irem ao shopping, segundo a pesquisa. Mas a maior parcela vai mesmo é para fazer compras: 40%.
Homem X Mulher
É aí que começam as diferenças de comportamento entre homens e mulheres no shopping. Elas compram mais (42% x 37%), gastam mais (R$ 149 x R$ 145), demoram mais (79 minutos x 64 minutos), visitam mais lojas (2,3 x 1,9 em média), e na hora de pagar, preferem o cartão de crédito (45% utilizam esta forma de pagamento), enquanto os homens preferem pagar as compras em dinheiro (42%).
Outra diferença entre os gêneros, constatada pela pesquisa, é que se um homem entrar na loja, ele compra. Já a mulher… O índice de conversão de vendas é de 72% para eles e 67% para elas. Gerente da loja Sandpiper do Shopping Barra, Carlos Maurício Carrascosa, conhece bem essa diferença e descreve com bom humor o comportamento de ambos os sexos na loja. “Homem nem experimenta. Normalmente ele já sabe o tamanho, olha um ou dois modelos e escolhe. Alguns ainda pegam várias camisas iguais, uma de cada cor”, relata, para em seguida iniciar a descrição da odisseia feminina numa loja de roupas.
“Mulher não pode ver uma promoção, às vezes nem precisa, mas se está em promoção ela vai olhar. Aí, se gostar de uma saia, ela vai no provador, experimenta, pede a opinião do vendedor, da amiga e de outras clientes. Se todo mundo gostar, ela vai ver se tem algum defeito, um fiozinho puxado. Aí não acha nada e mesmo assim fica indecisa. Aí pede para olhar as outras saias da loja”, ri Carrascosa.
E depois de tudo isso, ela leva a saia, certo? Errado. Quem continua a história é o presidente da Abrasce, Luiz Fernando Veiga. “A mulher pede pro vendedor descer dez peças de roupa e depois diz que vai dar mais uma olhadinha. O homem tem vergonha de fazer isso. Se ele mandar descer dez peças, alguma coisa ele vai levar, mesmo que seja por obrigação”, se diverte o especialista.
Ele lembra também que os shoppings têm mais lojas femininas porque as mulheres renovam o guarda-roupa com mais frequência. “A mulher acompanha a moda, está sempre comprando coisas novas. Já o homem, normalmente tem uma roupa que serve para tudo”, completa, fazendo a ressalva das exceções.
Entenda como a pesquisa foi feita
Para chegar ao perfil do frequentador de shopping center, a Abrasce realizou 3.240 entrevistas entre 21 e 31 de março deste ano. A pesquisa foi realizada em seis capitais brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília e Salvador. Em Salvador, foram pesquisados os shoppings Iguatemi, Salvador e Salvador Norte.

