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De uma “Revenda de Camisetas” a “maior fábrica” do gênero no país, a Piticas mostra que o bom humor é fundamental para o sucesso dos negócios
Que tal abrir a gaveta, retirar o seu “uniforme” e sair por aí vestido como o Lanterna Verde, Homem Aranha, Capitão América ou qualquer outro personagem que você goste? Isso é cada dia mais simples de acontecer, já que a Piticas oferece camisetas de inúmeros personagens a preços acessíveis, com boa qualidade e, o melhor, em diversos shopping centers do Brasil.
A marca, hoje dona da maior fábrica de camisetas do país e comercializada em 255 pontos de venda – até o final de 2017, serão 400 – nasceu em 2008 da iniciativa dos piticos Felipe e Vinícius Rosseti. Os dois irmãos passaram boa parte da adolescência nos EUA, para onde se mudaram em 1997.
De volta ao Brasil, aos 23 anos, Felipe procurou uma oportunidade de emprego, mas não se sentiu atraído por nada. Por isso, foi ajudar a mãe, uma empreendedora nata!, que tomava conta de duas lojas de “carnes exóticas”. Ambas estavam em shopping centers – uma no Road Shopping, em Itu, e a outra no Serra Azul, em Itupeva.
A experiência com a mãe trouxe uma nova oportunidade. Ao observar o vizinho de loja, Felipe observou um nicho que poderia ser bem explorado: o de camisetas de sátiras. “Eu percebi que o meu vizinho de loja tinha um ótimo fluxo de vendas e visitas. Perguntei onde ele comprava as peças e ele me disse que trazia da Galeria do Rock. Eu tinha acabado de voltar dos EUA e nem sabia onde ficava esse lugar”, diverte-se o empreendedor.
R$ 3 mil
Foi então que ele se deu conta que poderia, ele mesmo, comprar e revender essas camisetas. Na mesma época, recebeu do Road Shopping a proposta de abrir uma loja no mall, com aluguel livre. Devido à loja da mãe há muitos anos no Road Shopping, o responsável pelo mesmo deixou que ele usasse uma loja e só pagasse o condomínio, não precisando pagar o aluguel.
“Voltei para o Brasil com R$ 3 mil. Peguei esse dinheiro e comprei tinta e pincel e eu mesmo pintei a loja e tudo”. Ele revela ter recorrido às reservas do irmão, que ainda estava nos EUA, para comprar o primeiro estoque da loja. “Foram 130 camisetas. Eu vendi em três ou quatro dias. Esse sucesso fez a minha parte empreendedora despertar e entender que o negócio tinha futuro”, diz Felipe.
Com o dinheiro recebido da segunda leva de 250 camisetas, Rosseti decidiu arrumar melhor a loja. Seis meses depois, Vinícius estava de volta. Surpreso com o sucesso do empreendimento do irmão, decidiu tornar-se sócio dele e expandir a marca com a abertura de outro ponto de venda. O formato escolhido foi um quiosque, e o local o Plaza Shopping, na região de Itu.
A luz no final do túnel
Sem dinheiro nem força para licenciar novos personagens, os dois bateram de porta em porta em todas as empresas licenciadoras, entre elas Disney e Warner. A ideia era formar algum tipo de parceria e poder estampar mais personagens, mas nenhumas das marcas deu chance ao novo negócio. Mas, a sorte começou a dar sinais quando a Nickelodeon aceitou se juntar aos irmãos. Os primeiros personagens da Piticas foram Bob Esponja, Patrick e companhia, numa época em que o desenho fazia muito sucesso com o público. E essa parceria ajudou a abrir muitas portas.
A demanda pela expansão do número de lojas, entretanto, esbarrou em outro obstáculo: a falta de dinheiro. Por isso, Felipe e Vinícius optaram pelo formato “quiosque”: “Quando entramos nesse mundo pensamos ‘vamos ser os melhores que tem em quiosque’, vamos fazer bem feito, bem estudado pra funcionar”, conta Rosseti.
Com 12 quiosques próprios e a dificuldade de tocar essa quantia de loja, chegaram a um impasse: parar por ali ou avançar para franquias?
Então vimos que não queríamos só 12 lojas queríamos 500. Abrimos a primeira franquia em outubro 2011, no Shopping Taboão. Nosso primeiro franqueado foi um amigo. A iniciativa deu super certo tanto para ele quanto para nós, tanto que hoje ele possui outras franquias da Piticas. A visibilidade do quiosque dele também atraiu outros interessados no nosso produto e na nossa marca”, revela Felipe.
Metas e engajamento
Atualmente a Piticas emprega mais de 500 funcionários, todos eles ligados nas principais tendências de moda e da cultura pop. Um estúdio de designers é responsável pelo desenvolvimento de estampas criativas e diferentes, produzidas na própria fábrica da marca – são 17 mil unidades diárias.
A Piticas também conta com o reforço de um escritório de advocacia para combater a pirataria de imagens e estampas. A iniciativa é indispensável para neutralizar a pirataria desleal, que poderia atrapalhar tanto o desempenho dos seus franqueados quanto das licenciadoras.
No comando da marca, os dois irmãos dividem a responsabilidade: Felipe cuida de franquias, marketing, expansão e arquitetura das lojas; já Vinicius é responsável por toda a parte da produção.
A meta é expandir as 255 lojas existentes hoje em dia em shoppings, aeroportos, mercados e metrô e chegar as 400 até o final deste ano. Felipe pondera que as capitais já estão bem ocupadas com a marca, então estamos mapeando as cidades um pouco menores para fornecer ao nosso investidor. Nossa franquia vai muito bem em cidades pequenas, um exemplo de sucesso que temos hoje em dia, é no estado do Acre”, revela.
Com dois milhões de camisetas vendidas no ano passado, o plano de expansão da rede é de sempre 60% interno – franqueados que já estão dentro da rede e 40% de fora.
A opção pela abertura de lojas tradicionais ao invés do quiosque vem sendo, novamente, estudada pela rede, especialmente depois do sucesso obtido pela concept store instalada no Shopping Higienópolis. Além de ter mais espaço, a loja oferece um mix maior de produtos. E os shoppings agradecem, pois acreditam que a Piticas tem um faturamento muito grande para um quiosque.
Curiosidades
Felipe e Vinícius frequentemente são questionados, por fraqueados e clientes, sobre a origem do nome da marca. “Por que Piticas? O nome da primeira loja era Patetas, quando fomos falar com a Disney na época de licenciamento, vimos que isso ‘não ia dar certo’ a possibilidade de processo, era muito grande. Então voltei na hora para loja e tirei o banner, mas o Shopping não permite você ficar sem nome na loja. Piticas era nosso apelido quando crianças, todo mundo nos chamava assim. Então colocamos como ‘temporário’ e acabou ficando e dando certo”, explica Felipe.
Outro diferencial da marca é a falta de etiqueta nas camisetas: ao invés dela, as informações são estampadas nas peças. Rosseti conta que durante uma época até tiveram as etiquetas tradicionais, mas ele mesmo sempre cortou por incomodar e, ao fazer enquetes com seu público, decidiu retirá-las e trazer as informações na estampa interna.
Por falar em público, 70% dos consumidores da Piticas têm entre 15 e 35 anos, um público com comportamento mais confortável e estilo de vida mais “leve”. Mesmo assim, Felipe lembra: “Os nossos produtos alcançam o recém-nascido, o adolescente, o pai que tem a nostalgia de usar uma camiseta do SuperMan e, até, o cara mais velho que usa algo mais discreto como uma banda de um rock mais antiga” conclui.

