Copa 2014 é chance para desenvolvimento sustentável

Quatro anos passam muito rápido. Ainda mais se considerar o desafio de fazer dos jogos de 2014 a Copa da sustentabilidade. Espera-se que o Brasil, dono da maior floresta tropical do mundo, detentor das maiores reservas de água do planeta, conhecido mundialmente por sua política de biocombustíveis, país megadiverso e bonito por natureza, faça jus ao título de potência ambiental.

A taça de 2010 escorregou pelos pés, mas a chance de usar o campeonato mundial para fazer valer sua vocação ambiental ainda está nas mãos. E ela vai além de construir estádios com critérios de sustentabilidade e de neutralizar os gases de efeito estufa lançados, entre outros fatores, pelas inúmeras viagens de avião que a Copa provocará.

Significará também fazer dos necessários investimentos em infraestrutura urbana, logística, turística e de transportes – exigidos pelos organizadores – oportunidades de fazer o desenvolvimento do Brasil cada vez mais sustentável, ou seja, duradouro, com benefícios que não vão expirar assim que o juiz der o apito final do evento esportivo. Isso inclui readequar planos diretores dos municípios, estimular o uso de energia renovável, melhorar a mobilidade urbana, incentivar o ecoturismo e o turismo de menor impacto ambiental e aumentar a responsabilidade ambiental dos empreendimentos.

Conforme recente estudo preparado pela consultoria Ernst&Young, em parceria com a FGV Projetos – intitulado Impactos Socioeconômicos da Copa do Mundo 2014 – as atribuições e responsabilidades das cidades-sede vão muito além da reforma ou construção dos estádios onde os jogos serão realizados.

No caso das cidades-sede, por exemplo, o relatório aponta a necessidade de estruturar a governança, definir o plano diretor e o modelo de gestão, a fim de estabelecer as atribuições de cada instância de governo e cumprir o conjunto de obrigações assumidas junto à Fifa, ao comitê organizador da Copa, assim como o que determina a Matriz de Responsabilidades – documento assinado pelos governos federal, estaduais, prefeituras e clubes cujos estádios receberão os jogos da competição.

Uma boa contribuição a essa discussão poderá ser a publicação Plataformas Cidades Sustentáveis, a ser lançada em 21 de julho pelo Movimento Nossa São Paulo e pela Rede Social Brasileira por Cidades Justas e Sustentáveis, presente em cerca de 40 municípios brasileiros.

Segundo comunicado à imprensa feito pelo Movimento, a publicação mostrará exemplos de sustentabilidade em diversas cidades do mundo, como o programa de energia solar desenvolvido em uma cidade chinesa de 3 milhões de habitantes, que resultou em uma economia anual de 52.860 toneladas de dióxido de carbono. E também citará planos de mobilidade em cidades como Lion e Barcelona, onde a participação de diversos segmentos sociais, juntamente com governos locais, tornaram mais eficiente o uso de transporte público e maior o uso de energia limpa no transporte.

Mas, por ora, o que está no radar são maneiras de reduzir o impacto do evento em si. Segundo o estudo da Ernst&Young, a Copa do Mundo no Brasil, dada a sua localização no mapa-múndi e a dimensão continental do país, deverá provocar a emissão de gases no nível do que produzido por conta da Copa na África do Sul. A “pegada” de carbono estimada para a Copa deste ano é 2,75 milhões de toneladas de CO2 equivalente, sendo 67,4% devido a transporte internacional (basicamente viagens aéreas). Os demais itens são transporte entre as cidades e dentro das cidades, uso adicional de energia, energia gasta nas acomodações e construção de estádios.

Desde 2006, com a Copa na Alemanha, a Fifa desenvolve o programa “Green Goal”, com o objetivo de reduzir as emissões de carbono e fazer uma melhor gestão de água, da energia, dos resíduos e do transporte. A Copa no Brasil, segundo os pesquisadores, movimentará R$ 142,39 bilhões adicionais no período 2010-2014, gerando 3,63 milhões de empregos por ano e R$ 63,48 bilhões de renda para a