Nas últimas semanas, a dona de casa sentiu altas consideráveis nos preços dos alimentos básicos quando foi às compras. Na última sexta-feira (14/05), o indicador da inflação oficial (IPCA) apontou que o feijão-carioca ficou 43% mais caro em abril, enquanto que a batata subiu quase 20%. Para conter a escalada dos preços em geral, o Banco Central decidiu elevar a taxa básica de juros (Selic) no mês passado.
Na segunda-feira (10/05), o presidente da Associação Paulista dos Supermercados (Apas), João Sanzovo Neto, afirmou que o aumento no valor dos alimentos básicos é temporário e que o próprio consumidor fará os preços voltarem ao normal. Ele afirmou que a inflação dos alimentos reflete os problemas climáticos e descartou novos impactos nos preços em razão do aumento da Selic de 8,75% para 9,5% ao ano.
“Não há preocupação do setor em relação a essa alta de juros. Esses preços vão recuar porque tem tudo a ver com as chuvas. Se tem problema no pasto, influencia o preço do leite, da carne, do tomate, do feijão. Então, não serão os juros que farão esses preços voltarem. O consumidor vai substituir [os alimentos]. Essa é a melhor forma de conter preços e fazê-los retornar à patamares inferiores. Come-se mais soja em vez de feijão. Come-se mais macarrão ao invés do arroz. A gente percebe que o consumidor tem essa sabedoria”.
A Apas aposta também que os dias específicos para compras estão com os dias contados. Para o vice-presidente de comunicação da associação, Martinho Paiva, comprar carne mais barata na terça-feira ou frutas e legumes na quarta já é uma prática em desuso “porque o consumidor quer comprar barato todos os dias”.
Segundo Paiva, o crédito para compras nos supermercados deve ficar mais escasso no médio prazo. Isso porque o brasileiro está com poder aquisitivo cada vez maior e, assim como ocorre em países desenvolvidos, usará o crédito para comprar bens duráveis, como carros e residências. “Nos próximos dois anos, esperamos até um aumento nas vendas a prazo, mas a tendência é de queda”.

