Confiança do paulistano recua em abril, mas segue elevada

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), elaborado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio), apresenta em abril segunda queda no ano. O ICC teve redução de 2,9% em relação a março, atingindo 152,12 pontos. Já na comparação com igual período do ano anterior, o índice apresenta alta de 21,8%.

Thiago Freitas, assessor econômico da Fecomercio, explica que, apesar do recuo, o ICC continua retratando um consumidor confiante na economia, já que o indicador varia de 0 a 200 pontos e denota otimismo quando acima de 100. “No entanto, o aumento nos preços registrado no começo do ano, ainda devido fatores sazonais, principalmente no grupo Alimentação representou um impacto mais forte do que o previsto na avaliação dos consumidores”, destaca. Segundo o economista, o declínio na confiança dos paulistanos que recebem menos de dez salários mínimos e têm mais de 35 anos foi o fator de maior peso para o resultado do índice. “Este é justamente o grupo de consumidores que tem maior receio em perder poder de compra. Também por isso, é o que mais sentiu o aumento nos preços”, analisa.

Os sub-índices que compõem o ICC, Índice de Condições Econômicas Atuais (ICEA) e Índice de Expectativa do Consumidor (IEC), apresentaram resultados opostos em abril. Enquanto o IEC registrou leve elevação de 0,8%, o ICEA encolheu 8,5%. Com este resultado, o ICEA atinge o menor nível dos últimos seis meses, retornando ao mesmo patamar de novembro de 2009. A segmentação do indicador segundo o sexo dos consumidores também demonstra que, apesar da confiança masculina ter caído mais do que a feminina, as mulheres permanecem mais inseguras do que os homens. Confirmando o resultado geral do ICC, na divisão por idade, constatou-se que os paulistas com mais de 35 anos foram os que apresentaram maior deterioração no sentimento de segurança em relação às condições econômicas atuais, cedendo 9,5% em relação ao mês anterior. Já o IEC, que vinha de queda nos meses anteriores, teve ligeiro incremento de 0,8% na comparação entre abril e março deste ano. Curiosamente, as mulheres, menos otimistas quanto às condições econômicas atuais, são mais esperançosas do que os homens em relação às expectativas de futuro.

Freitas afirma que os números do ICC em abril são decorrentes da pressão nos preços acima das expectativas registradas no primeiro trimestre de 2010, que culminou na indisposição do consumidor em comprometer sua renda com aquisições mais substanciais, assumindo dívidas de médio e longo prazo. “Ainda que seja pontual e não represente riscos à economia, nem necessidade de elevação da Selic, essa inflação comprometeu a confiança dos consumidores”, conclui.

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) é apurado mensalmente pela Fecomercio desde 1994. Os dados são coletados junto a cerca de 2,1 mil consumidores no município de São Paulo. O objetivo da pesquisa é identificar o sentimento dos consumidores levando em conta suas condições econômicas atuais e suas expectativas quanto à situação econômica futura. Os dados são segmentados por nível de renda, sexo e idade. O ICC varia de 0 (pessimismo total) a 200 (otimismo total). Sua composição, além do índice geral, apresenta-se em: Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) e Índice das Expectativas do Consumidor (IEC). Os dados da pesquisa servem como um balizador para decisões de investimento e formação de estoques por parte dos varejistas, bem como para outros tipos de investimento das empresas.