Símbolo do vigor econômico da maior metrópole da América do Sul, a Avenida Paulista, em Sâo Paulo, é um corredor tentador para comerciantes de olho no bolso das mais de 1 milhão de pessoas que circulam diariamente por ali, mas que para oferecer suas mercadorias no local precisam enfrentar a especulação imobiliária em torno dos poucos espaços restantes para lojas de grande porte.
Em maio, duas redes de vestuário superaram venceram essa barreira e abriram lojas na Paulista e, se aprovado pela prefeitura, um novo shopping será inaugurado em alguns anos. A Marisa abriu uma unidade ali logo antes do Dia das Mães, a 700 metros da Lojas Renner, que escolheu a avenida para sua primeira loja de rua na cidade de São Paulo. “Apesar de a Renner ter mais de 90% de suas operações em shopping, estamos sempre atentos a oportunidades atrativas, com metragens adequadas, em ruas das cidades”, diz o diretor-presidente José Galló.
O próximo grande centro comercial da Avenida Paulista deve ser erguido no local que, há 20 anos atrás, se tornou sinônimo de especulação imobiliária: o terreno onde ficava a mansão do Conde Francisco Matarazzo, na esquina com a Rua Pamplona, alvo de disputa entre os interessados no patrimônio histórico e defendiam o tombamento, e os herdeiros do conde, que queriam vender o terreno.
A novela terminou com a mansão demolida e cerca de uma década depois, em janeiro de 2007, Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário e Cyrela Commercial Properties compraram a área de 13 mil m² por R$ 125 milhões para construir ali uma torre de escritórios sobre um shopping center. As parceiras guardam a sete chaves os detalhes do projeto, que precisa de sinal verde de diversos órgãos da prefeitura. Por meio de sua assessoria de imprensa, a CCDI diz que a aprovação deve sair até o fim do ano.
Apesar de não haver detalhes sobre o novo shopping, fontes do setor dizem que as lojas vão ser voltadas para a conveniência das pessoas que trabalham naquele prédio e nos prédios vizinhos – caso de restaurantes, lojas de presentes e prestadoras de serviços -, e não atrairá o público que precisaria de carro para ir ao local, como ocorre com os outros shoppings existentes há décadas na avenida, o Top Center e o Shopping Center 3.
“O estacionamento teria de ser subterrâneo, mas o metrô passa ali embaixo”, diz José Alarico Rebouças, diretor-superintendente da Distrital Centro da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Esse obstáculo à construção de um shopping tradicional é vantagem para as galerias apinhadas de quiosques de produtos populares e para as pequenas lojas sob edifícios nada luxuosos da Paulista, que são voltadas para a população de baixa e média renda que trabalha no local e compõe o chamado “público do metrô”, acrescenta Rebouças.
Para o público de maior poder aquisitivo, com planos de passar horas num shopping e sair de lá no próprio carro, a opção continua sendo o Shopping Pátio Paulista, que tem mais de duas décadas.

