Classe C amplia acesso à banda larga

Pesquisa realizada pela Programa de Estudos do Futuro da Fundação Instituto de Administração (Profuturo/FIA) revela que, até 2020, metade das famílias da classe C, com renda familiar de R$ 1.064 até R$ 4.591 salários-mínimos, terá acesso à internet. Dessas, 60% farão sua conexão via banda larga. Em 2008, apenas 7% das conexões da população nessa faixa de renda eram em alta velocidade.

O sócio-diretor do instituto de pesquisas Data Popular, Renato Meirelles, afirma que hoje 60% das famílias do segmento já possuem computador e 44% delas têm intenção de comprá-lo. “É uma mudança que mostra que esse é o grosso do mercado. São esses consumidores que devem ser procurados”, avalia.

A tecnologia que mais deve crescer no período é a conexão via cabo modem ou wireless, oferecida pelas operadoras de TV por assinatura, com 33% do setor. Em seguida, vem a rede WiMax, ainda em fase de implantação no Brasil, a qual deve conquistar 31% dos clientes. As redes via celular, ou móveis (3G/4G) e a conexão por rede elétrica serão a opção de 17% e 11% dos consumidores, respectivamente. No caso específico das classes de renda inferior (C, D e E), a conexão ADSL continuará a mais popular, pois as demais – como o cabo – não alcançam boa parte dos locais onde vivem essas famílias.

O diretor executivo da Interactive Advertising Bureau (IAB), Ari Meneghini, afirma que a classe C é o nicho de mercado que promoverá a possibilidade de expansão da internet, que se prepara para crescer, apenas neste ano, 30%. A expectativa do setor é movimentar cerca de R$ 1,7 bilhão. “A classe C hoje se destaca muito entre os usuários. E é um público que temos muita intenção de atingir”, comenta Meneghi.

O estudo mostra ainda que, na classe A, a banda larga representava 64% das conexões em 2008, percentual que deve alcançar 99% nos próximos dez anos. Na classe B, a banda larga deve saltar dos 26% registrados em 2008 para 90% em 2020. Nas classes D e E, a conexão em alta velocidade representará 25% dos acessos em 2020, frente a apenas 1% em 2008.

“Ninguém cresce sem o aumento de crédito, especialmente a baixa renda. Mas nosso endividamento ainda é baixo comparado com outros países. Ainda falta muito para gerar uma bolha de crédito no Brasil.” A fala do sócio- diretor do instituto de pesquisas Data Popular, Renato Meirelles, representa bem o clima do mercado de crédito brasileiro. Pesquisa feita pela Serasa Experian aponta alta de 0,7%, elevando para 79,2 o nível de qualidade de crédito no País. A Serasa explica que a qualidade de crédito do consumidor tende a ser relacionada com a renda. Todas as camadas pesquisadas, exceto quem ganha mais de R$ 10 mil por mês, registraram melhora na qualidade de financiamentos no primeiro trimestre.

O aquecimento do mercado interno, o aumento dos trabalhos formais e a diminuição dos índices de inadimplência desenham hoje panorama que mostra o País em rota de expansão, graças ao mercado interno. E, de acordo com o coordenador do curso de Economia da Universidade de São Caetano do Sul (USCS), Francisco Funcia, não há sinais de que o aumento da oferta de financiamentos traga problemas futuros. “Não dá para pensar, mecanicamente, que o crescimento do consumo trará prejuízos à economia brasileira. Não se trata de explosão de consumo generalizada, mas sim uma inserção de quem estava excluído do grupo e que hoje volta a consumir. Com essa nova classe, não há indicador de gargalo na economia, ou possível reação inflacionária negativa nesse processo”, aponta.