Bolsa é o pior investimento do mês; ouro é o que mais rende

O Ibovespa perdeu 4,04% em termos nominais e foi o pior investimento do mês de abril dentre as principais métricas do mercado. O índice sofreu com a forte turbulência vista no período, que contou com cortes de rating de países europeus, por exemplo. A temporada de resultados norte-americana não foi suficiente para animar o Ibovespa – ao contrário dos principais índices de Wall Street, que ainda conseguiram fechar abril no campo positivo.

Em meio às fortes oscilações da Bolsa, o ouro, investimento considerado mais seguro pelos investidores, ficou com o posto de melhor aplicação do mês, com ganhos nominais de 1,90% no período. Vale mencionar que, entre as principais categorias de investimento, o ouro foi o único a acumular ganhos reais – descontando-se o IGP-M – positivos no mês, com avanço de 1,12%.

Outro destaque negativo entre as rentabilidades do mês foi o dólar acompanhado pela variação da Ptax, que acumulou baixa de 2,83% no período em termos nominais, e de 3,57%, em termos reais.

Dentro das alternativas de renda fixa, a aplicação em CDBs pré-fixados de 30 dias garantiu retorno nominal médio de 0,69% em abril, marca superior à do benchmark CDI (+0,63%). A rentabilidade anual dos CDBs de 30 dias aumentou no período, refletindo as expectativas de alta da taxa Selic – que, no último dia 28, foi elevada pela primeira vez desde setembro de 2008, para 9,5% ao ano. Por fim, a tradicional caderneta de poupança apresentou retorno de 0,50% em termos nominais.

O cenário macroeconômico externo seguiu sendo o foco dos investidores. Os cortes de ratings de Grécia, Portugal e Espanha pela Standard & Poor’s marcaram o mês, dando continuidade aos temores da crise fiscal e pressionando os mercados. Nos EUA, a primeira prévia do PIB norte-americano referente ao primeiro trimestre de 2010 revelou uma expansão anualizada de 3,2%, frente a projeções de alta de 3,3%. Sem surpresas, o Fed manteve a retórica de seu comunicado, prevendo juros baixos por um extenso período de tempo.

Passando para a política monetária nacional, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) elevou a taxa básica de juro do País em 75 pontos-base, para 9,50% ao ano. A decisão, tomada sem viés e unânime, interrompe a trajetória de manutenção da política monetária em patamares acomodativos, em função da crise econômica global.

As ações ordinárias da TIM Participações (TCSL3) fecharam o mês como principal baixa dentre os papéis que compõem o Ibovespa, acumulando queda de 12,86%, fechando esta sexta-feira (30) cotadas a R$ 6,10 cada. No ano, a queda dos papéis já é de 14,69%.

A fala do diretor-geral da Telecom Itália, Franco Bernabé, descartando uma possível fusão com a Telefónica, que já é a maior acionista da empresa italiana, foi um dos principais aspectos que contribuíram para o movimento de baixa dos papéis, assim como a perspectiva negativa de diversas instituições, como o Barclays, para o setor de telecomunicações brasileiro.

Por outro lado, os papéis da PDG (PDGR3) tiveram o melhor desempenho do Ibovespa em abril, com alta de 9,20% no período. Os ativos, que fecharam cotados a R$ 15,96, contaram com um impulso a partir do dia 12, quando a empresa divulgou a prévia de seus resultados operacionais. A empresa reportou R$ 842 milhões em vendas contratadas líquidas, crescimento de 100,6% em relação o volume reportado no mesmo período de 2009 e de 11,8% frente aos últimos três meses do ano passado.

Os números foram bem recebidos pelo mercado. Para Cristiano Hees, da Brascan Corretora, a prévia veio forte, reforçando as boas perspectivas não só da PDG mas para o setor como um todo. O analista David Lawant, da Itaú Corretora, também classificou os resultados pré-operacionais como sólidos.