Boletim Econômico – 19 a 23 de fevereiro

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Demanda do consumidor por crédito abre 2018 em alta, aponta Serasa Experian

De acordo com o Indicador Serasa Experian da Demanda do Consumidor por Crédito, a quantidade de pessoas que buscou crédito cresceu 5,3% em janeiro/18 na comparação com dezembro/17. Já em relação ao mesmo mês do ano passado (janeiro/17), a demanda do consumidor por crédito avançou 20,3%.

Os economistas da Serasa Experian avaliam que o recuo das taxas de juros com a expansão da oferta de crédito ao consumidor, aliado à melhora gradual do mercado de trabalho e à queda da inadimplência, têm impulsionado a busca do consumidor por crédito.

Análise por classe de renda pessoal mensal

O avanço da demanda dos consumidores por crédito neste primeiro mês do ano de 2018 ocorreu em todas as classes de renda. Para os que ganham até R$ 500, a alta mensal foi de 1,9%. Para os consumidores com renda mensal entre R$ 500 e R$ 1.000, o avanço foi de 5,2%. Para a renda mensal entre R$ 1.000 e R$ 2.000, o crescimento foi de 6,2%. Já os consumidores com renda mensal entre R$ 2.000 e R$ 5.000, a alta foi de 6,0%. Para os que ganham entre R$ 5.000 e R$ 10.000 por mês, a expansão foi de 6,2% e, por fim, para a renda mensal maior que R$ 10.000, o crescimento na procura por crédito foi de 6,4% neste primeiro mês de 2018.

Crédito e Consumo

Dados do Indicador de Uso do Crédito apurados pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) revelam que em cada dez usuários de cartões de crédito, três (28%) não pagaram a fatura integral no último mês de dezembro, sendo que 15% entraram no crédito rotativo. Os entrevistados que pagaram a fatura cheia somam 68% da amostra e 3% não quiseram responder.

Os juros cobrados pelos bancos quando o cliente não paga o valor integral da fatura do cartão de crédito são altos e chegam a 335% ao ano, em média, segundo dados oficiais do Banco Central.

As taxas do rotativo superam em mais de dez vezes as taxas médias de um crédito consignado. Pelas novas regras do cartão, o consumidor pode ficar no máximo um mês no rotativo. Depois disso, o saldo é parcelado a uma taxa de juros menor. Mesmo assim, os juros continuam altos, de modo que o consumidor não deve contar com o pagamento de um valor abaixo do integral. Ainda que seja possível, isso custa caro, inclusive com o parcelamento”, alerta a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.

Já o Indicador de Confiança do Consumidor (ICC) cresceu de 41,9 pontos em janeiro de 2017 para 43,6 pontos em janeiro de 2018, o que representa uma alta de 4% em um intervalo de um ano. Em dezembro, o índice estava em 40,9 pontos. A escala do indicador varia de zero a 100, sendo que quanto maior o número, mais otimista se encontra o consumidor.

O Indicador de Confiança é composto por dois componentes: o Indicador de Condições Atuais, que afere o cenário momentâneo da economia e da própria vida financeira e o Indicador de Expectativas, que avalia o que os consumidores esperam para os próximos seis meses.

No caso do Indicador de Condições Atuais, a variação também foi positiva, passando de 29,6 pontos para 32,4 pontos na escala na passagem de um ano. Ao considerar somente a situação atual da economia, a pontuação foi de 22,5 pontos e ao considerar somente o estado da vida financeira, a pontuação foi de 42,3 pontos.

De acordo com a sondagem, 78% dos brasileiros avaliam o atual momento econômico do país como ruim contra apenas 3% que consideram a situação ótima ou boa. Para 19%, a situação é regular. Quando o assunto é a avaliação da própria vida financeira, o percentual dos que consideram o momento atual como ruim cai para 40%, enquanto 14% avaliam a vida financeira de forma positiva. Outros 45% classificam o momento como regular.

Fluxo de pessoas em shopping tem alta de 3,8% em janeiro

O mês de janeiro confirmou a tendência de crescimento do fluxo de pessoas em shoppings no Brasil. O resultado mostra uma variação positiva de 3,8% sobre o mesmo mês do ano anterior, de acordo com o Iflux, estudo realizado em parceria entre o IBOPE Inteligência e a Mais Fluxo. No resultado por região, a surpresa positiva é o Rio de Janeiro, com alta de 5% neste começo de ano, após um 2017 bastante conturbado. Em Recife, a variação positiva também fica em 5%, e em São Paulo, 3%.

Inflação

– O IGP-10 de fevereiro desacelerou para 0,23%, ante a alta de 0,79% no mês anterior, conforme divulgado há pouco pela FGV. Esse resultado ficou abaixo do esperado pela mediana das expectativas dos agentes (0,34%) e também abaixo do que esperávamos (0,27%). Acumulado em doze meses, o índice registrou queda de 0,42%. Considerando-se a abertura do dado, a desaceleração tanto pode ser explicada pela queda nos preços dos produtos agropecuários, que passaram de uma variação de 0,74% na divulgação de janeiro para -1,00% em fevereiro, quanto pela menor alta dos preços industriais, que desaceleraram de 1,17% para 0,45%. O IPC, por sua vez, acelerou de 0,36% para 0,57%, enquanto o INCC registrou alta de 0,32%, ante a variação de 0,08% na leitura anterior. Dentre os produtos, destacamos a deflação mais acentuada dos preços agrícolas, como a soja, carne bovina e aves, e a desinflação do minério de ferro, que passou de uma alta de 8,53% em janeiro para outra de 1,40% na leitura atual.

– EUA: surpresa baixista nos dados de vendas no varejo colocou um viés de desaceleração para o consumo do primeiro trimestreOs dados de venda no varejo nos Estados Unidos divulgados ontem registraram queda de 0,3% na passagem de dezembro para janeiro. O resultado foi bem inferior à mediana das expectativas do mercado (+0,2%) e ao resultado do mês anterior (variação nula). Olhando para as aberturas, a surpresa concentrou-se em veículos e outras peças (-1,3%), materiais de construção (-2,4%) e produtos de saúde e higiene pessoal (-1,2%). Entretanto, ao analisar a abertura que exclui apenas vendas de veículos registrou-se estabilidade no mês, o que também se verificou com o indicador que exclui automóveis e combustíveis. Assim, o dado reportado pode contribuir para uma ligeira desaceleração do consumo neste primeiro trimestre.

Destaques da Semana

– Atenções no Brasil ficarão voltadas ao IPCA-15 e Caged, enquanto foco internacional estará nos PMIs e ata do FOMC

Na agenda doméstica, o destaque será a divulgação do IPCA-15 de fevereiro, para o qual esperamos alta de 0,36%. Esse resultado deverá ser impactado pela captura de reajustes de educação, que deverão ser um dos mais baixos da série histórica, e pela descompressão de alimentação. Ainda sem data definida, serão conhecidos os dados do Caged de janeiro. Neste caso, será importante observar se haverá continuidade do crescimento do número de admitidos e do bom comportamento dos salários. No cenário internacional, as atenções estarão voltadas para os PMIs de fevereiro da Zona do Euro e dos EUA, que deverão apontar atividade ainda robusta. A publicação da ata da última reunião do FED trará mais detalhes em relação ao processo de normalização da política monetária norte-americana. Por fim, na Europa, os núcleos da inflação ao consumidor deverão registrar ligeira aceleração na margem, embora ainda em patamar baixo, reforçando a perspectiva de aumento lento e gradual da inflação na região.