~
Semana contará com decisões de política monetária dos principais bancos centrais. Na agenda doméstica, os dados de vendas no varejo e a pesquisa mensal de serviços referentes a outubro, que serão divulgados na quarta-feira e na sexta-feira, respectivamente, deverão mostrar ligeira acomodação, compatível com nossa aceleração do crescimento no 4º trimestre. Além disso, a ata da reunião da última decisão do BC, a ser conhecida amanhã, trará detalhes adicionais sobre as próximas decisões do Copom. As decisões de política monetária do Fed, Banco Central Europeu e Banco Central da Inglaterra serão os principais destaques da agenda internacional desta semana.
O Departamento de Estudos e Pesquisas Econômios do Bradesco aposta em elevação de 0,25 p.p. na taxa de juros dos EUA, na quarta-feira, e manutenção das taxas dos demais países, na quinta-feira. Além disso, sugerem um tom mais duro do BOE com a inflação elevada e o anúncio da decisão do fim do QE em setembro de 2018 pelo BCE. Também serão conhecidos ao longo da semana os dados de inflação ao consumidor da Alemanha e dos EUA.
Inflação
O IPCA registrou alta de 0,28% em outubro, de acordo com os dados divulgados na última sexta-feira pelo IBGE. O resultado veio abaixo da projeção do Bradesco e da mediana das expectativas do mercado, ambas em 0,35%. Em relação ao número do banco, a surpresa concentrou-se nos itens de alimentação, que apresentaram deflação maior que a esperada. A desaceleração em relação a outubro refletiu a menor variação de sete dos nove grupos que compõem o índice, com destaque para os preços de alimentos, que passaram de uma queda de 0,05% para outra de 0,38%. Destacou-se também a desaceleração dos preços de vestuário, que passaram de uma alta de 0,71% para outra de 0,10%. Os núcleos continuaram bem comportados, dando suporte ao ciclo de flexibilização monetária em curso. Com esse resultado, o IPCA acumulou elevação de 2,8% nos últimos doze meses, ligeiramente acima dos 2,7% observados na leitura anterior. As surpresas recentes com a inflação nos levaram a reduzir nossa projeção de IPCA para deste ano de 3,1% para 2,8%. Para 2018, continuamos projetando alta de 3,9%.
Internacional
Os dados de novembro do mercado de trabalho norte-americano apontaram criação de 228 mil vagas de emprego, conforme divulgado na última sexta-feira, acima da mediana das expectativas do mercado, de criação de 195 mil vagas no mês. A taxa de desemprego se manteve em 4,1% no período, sinalizando ainda que o mercado de trabalho norte-americano permanece aquecido. Por outro lado, os salários continuam bem comportados, registrando alta de 2,5% na comparação interanual, o que implica baixas pressões inflacionárias. Com isso reforça-se a expectativa de normalização gradual da política monetária nos EUA, com elevação dos juros em dezembro e mais quatro altas ao longo de 2018.
– O índice de preços ao consumidor da China registrou alta de 1,7% em novembro na comparação com o mesmo mês do ano passado, abaixo da variação observada em outubro (1,9%) e da expectativa do mercado (1,8%). Essa desaceleração decorreu em grande parte do recuo mais intenso dos preços dos alimentos, que passaram de uma queda de 0,4% para outra de 1,1%, o que mais que compensou a aceleração nos preços dos combustíveis. Já o núcleo, que excluí alimentos e energia, registrou elevação de 2,3%, mantendo o ritmo de outubro. O índice de preços ao produtor, por sua vez, apresentou avanço interanual de 5,8% em novembro, reduzindo o ritmo do mês anterior. Vale destacar que grande parte dessa desaceleração dos preços ao produtor refletiu uma base de comparação mais forte em novembro do ano passado, uma vez que a variação do índice em comparação com o mês anterior desacelerou de 0,6% em outubro para 0,5% em novembro.
– Em relação à atividade doméstica, a recuperação segue gradual. A produção industrial apresentou ligeiro crescimento em outubro, com destaque para a produção de bens de capital, que sinaliza nova alta dos investimentos do quarto trimestre (após expansão de 1,6% no terceiro). Os indicadores mais recentes apontam para uma aceleração gradual do crescimento: estimamos crescimento de 0,4% do PIB no 4º trimestre e de 2,8% em 2018.
– A queda dos juros segue favorecida pelo binômio atividade/inflação. O corte de 0,50 p.p. da taxa Selic, em linha com o esperado, levou-a para o menor patamar da história. Ademais, a sinalização do BC é de uma redução moderada no ritmo de corte na reunião de fevereiro, no cenário central. Embora tenha deixado em aberto a possibilidade de cortes adicionais, acreditamos que o BC encerre o ciclo em 6,75%.
– Por fim, o ambiente global seguiu expansionista, com indicadores reforçando visão de crescimento disseminado. Os índices de novembro para o PMI da Zona do Euro mantiveram a sensação de crescimento robusto na região, impulsionado pelo setor manufatureiro. Já os dados de mercado de trabalho nos EUA continuaram mostrando proximidade do pleno emprego. Apesar do aquecimento no mercado de trabalho, os salários ainda não mostram sinais de aceleração e devem continuar contribuindo positivamente para o cenário de inflação baixa no curto prazo.
Tendências de Mercado
Os mercados acionários iniciam a semana em alta, mantendo a tendência positiva do fechamento da semana passada, após surpresa altista com os dados do Payroll. As bolsas asiáticas fecharam o pregão no campo positivo, com destaque para Shanghai, cujo índice subiu 1,65%. As bolsas europeias operam em alta, mesma direção sinalizada pelos índices futuros das bolsas dos Estados Unidos. No mercado de divisas, o dólar apresenta leve depreciação ante as principais moedas dos países desenvolvidos, com exceção da libra.
No mercado de commodities, as cotações do petróleo recuam, após alta significativa na última sexta-feira, quando os dados de importação da China mostraram um aumento da demanda pelo produto. As commodities agrícolas são negociadas em queda, com exceção do açúcar, enquanto os preços dos metais industriais não apresentam tendência única, com ligeira queda do preço do cobre e alta do zinco.
No Brasil, o mercado de juros deve reagir às projeções contidas no relatório Focus, divulgado há pouco pelo Banco Central. Este será o primeiro relatório após o comunicado do Copom, na semana passada, quando o Banco Central reduziu a taxa de juros e sinalizou novo corte em fevereiro.

