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Conhecida pelas grandes promoções, a Black Friday ainda é vista com desconfiança por consumidores, varejistas e especialistas no setor
Tradição no varejo norte-americano, a Black Friday chegou ao Brasil em 2010. Desde então, a data enfrentou alguns problemas de desconfiança por parte dos consumidores, descontentes com as promoções oferecidas – até cunharam o termo “black fraude” e slogans como “tudo pela metade do dobro” [do preço]. Mas a ‘tropicalização’ da data parece ser, ainda, o maior problema do dia de liquidações – que, por aqui, pode se tornar em um final de semana ou, até mesmo, um mês de preços apresentados como “imbatíveis”.
Importamos a data sem a mesma razão de ser”, pondera Marcelo Murin, especialista em varejo e fundador da Officina di Trade. Originalmente, a Black Friday acontece no dia seguinte ao feriado de Ação de Graças, uma das datas mais importantes no calendário norte americano. Lá, a liquidação é realizada para baixar os estoques e preparar as lojas e vitrines para o Natal”, conta Murin. E eis um dos problemas enfrentados no Brasil.
Por aqui, a data começa a despontar como a segunda mais rentável do varejo, perdendo apenas para o Natal. Porém, esse crescimento das vendas na última sexta-feira de novembro surge como a principal concorrente da tão aguardada data do varejo. “Está acontecendo uma canibalização entre as datas”, ressalta o especialista em varejo. Ele explica que os consumidores brasileiros estão planejando melhor os gastos dessa época – inclusive, aproveitando a parcela antecipada do 13º salário – realizando as compras com antecedência.
Assim, o que poderia ser a “salvação” do comércio, especialmente nesse ano de crise econômica, pode ser, apenas, um paliativo. “Acredito que parte dos consumidores usam a Black Friday para a aquisição de bens duráveis, o que é positivo. Por outro lado, o restante só está antecipando as compras de Natal”, diz.
Salvação da crise?
A partir do tíquete médio, cravado em R$ 653 pelo relatório do e-bit, não é possível afirmar que os bens duráveis foram a principal aquisição durante a data. Mas a uma maior participação de produtos de alto valor, como eletrodomésticos e eletrônicos. O mesmo órgão aponta que entre 0h e 23h59 da sexta-feira, 25 de novembro, foram feitos 2,23 milhões de pedidos no varejo virtual brasileiro, uma alta de 5% em relação ao volume de 2015. O e-commerce anotou vendas de R$ 1,9 bilhão, representando crescimento de 17% em relação ao ano passado. O resultado ficou abaixo da previsão do Ebit, que esperava vendas de R$ 2,1 bilhões neste ano. De acordo com o presidente da empresa, Pedro Guasti, 281.264 pessoas compraram pela primeira vez pela internet durante a Black Friday deste ano.

