O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (17/03), por cinco votos a três, manter a taxa básica de juros (a Selic) em 8,75% ao ano. É a quinta reunião seguida em que a taxa se mantém estável. Em comunicado, o colegiado de diretores do BC justificou que a decisão foi tomada depois de avaliar todas as tendências de política macroeconômica e verificar que a inflação continua na trajetória da meta de 4,5%, podendo variar dois pontos para mais ou para menos.
Foram cinco votos a favor da manutenção e três votos pela elevação da taxa em 0,5 ponto percentual. Na nota, o Copom diz que “irá monitorar atentamente a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião para, então, definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária.”
Com a decisão, de acordo com a UPTrend Consultoria Econômica, o Brasil voltou a ter a maior taxa real de juros do mundo, na projeção para os próximos 12 meses.
De acordo com a consultoria, a elevação de projeções de inflação em alguns países, aliada a diversas quedas de juros mundo afora, alterou novamente a dinâmica do ranking e assegurou ao Brasil o topo como o melhor pagador de juros no mundo.
TAXAS DE JUROS NOMINAIS NO MUNDO
Sem descontar a inflação
País Índice
1º. Venezuela 19,57%
2º. Argentina 9,54%
3º. Brasil 8,75%
4º. Rússia 8,7%
5º. África do Sul 7%
Fonte: UPTrend
Com a Selic mantida em 8,75% ao ano, o Brasil terá uma taxa de juros real projetada para os próximos 12 meses de 4% ao ano. A taxa atingiu o valor nominal (sem descontar a inflação) de 8,75% primeiramente em julho de 2009. Depois foi mantida nos encontros de setembro, outubro, dezembro de 2009 e janeiro de 2010, e, por último, na reunião desta quarta-feira (17/03). O Copom se encontra a cada 45 dias. O atual encontro foi o segundo do ano, e o próximo deve ocorrer em 27 e 28 de abril.
Outra lista elaborada pela UPTrend, que também conta com 40 países, contém as nações com maiores taxas nominais de juros (veja quadro acima).
Os juros são usados como política monetária pelo governo para conter a inflação. Com juros altos, as prestações ficam mais caras e as pessoas compram menos, o que restringe o aumento dos preços. Um aspecto positivo dos juros altos é que eles remuneram melhor as aplicações. Isso é bom para os investidores brasileiros e também para os estrangeiros, que procuram o país.
Por outro lado, os juros altos prejudicam as empresas, que ficam mais cuidadosas para tomar empréstimos e fazer expansões. Por causa disso, o emprego também não cresce tanto. É em razão desse efeito que os empresários reclamam contra os juros altos.