O que os consumidores contemporâneos buscam nas embalagens? Na era do e-commerce e do consumo socialmente responsável, as embalagens não devem apenas atrair a atenção do consumidor e proteger o produto; os consumidores querem que sejam funcionais, divertidas e eco-friendly.
O mercado single, formado por um enorme contingente de solteiros e pessoas que moram sozinhas, prefere embalagens individuais e práticas, em formatos que não representam um enorme trabalho com limpeza, medição de ingredientes e descarte. Aliás, o novo consumidor prefere materiais menos descartáveis, com um ciclo de vida que permita a reutilização. Em franca expansão, decorrente do crescimento do consumo em países emergentes, a indústria de embalagens deve atingir um faturamento de US$ 820 bilhões em 2016, de acordo com o World Packaging Organisation – um crescimento significativo em relação a 2010, quando o setor faturou US$ 670 bilhões.
Nos países emergentes que compõem o BRIC – Brasil, Rússia, Índia e China –, a pesquisa mostra particularidades interessantes dos milhões de consumidores dessas economias; pessoas que passam a consumir, pela primeira vez, inúmeras embalagens de alimentos, bebidas e de eletroeletrônicos (linha branca). Os russos, por exemplo, estão bastante interessados na conveniência da embalagem, mas não se preocupam com o meio ambiente; os brasileiros da classe C preferem embalagens com cores e modelos extravagantes – embora os brasileiros consumidores de artigo de luxo prefiram embalagens sóbrias, também gostam de design colorido como os vistos na marca O Boticário; os chineses querem uma embalagem que comprove a autenticidade do produto; os indianos querem que ela reflita o orgulho que sentem do país como a marca de água Himalaia.
Os novos padrões comportamentais e perfis de consumo são objeto do The Futures Report; Packaging – o mais completo dossiê de tendências que integra estudo o LS:N Global (LifeStyle News Network), portal internacional da The Future Laboratory. No Brasil, o portal é representado com exclusividade pela Voltage, uma agência produtora de Human Insights e Tendências aplicados aos negócios e às estratégias dos clientes. “Embora haja uma cultura global de valorização das embalagens – tanto quanto o produto é valorizado – há movimentos que questionam o impacto econômico, social e ambiental do culto à embalagem”, analisa Paulo Al-Assal, CEO da Voltage e um dos principais especialistas brasileiros em Tendências.
Entre as tendências detectadas pelo estudo destaca-se a produção de embalagens mais baratas, divertidas, funcionais, informativas e recicláveis. Saudável, simples e conveniente – já há embalagens inteligentes que mostram a temperatura do produto, dimensionando o nível de frescor do alimento. As embalagens para produtos de luxo também têm como fio condutor a questão da sustentabilidade – marcas premium estão criando embalagens colecionáveis para evitar o descarte desnecessário.
Uma outra tendência são as embalagens fabricadas com materiais resistentes à pressão e ao calor, permitindo que os alimentos sejam cozidos dentro de caixas multifolhadas. Trata-se de embalagens que podem substituir o vidro ou a lata. “O emprego de tecnologia na produção de embalagens norteia uma verdadeira revolução na indústria, sobretudo na alimentícia. A pipoca de panela, por exemplo, é um produto que se popularizou a partir da reformulação da embalagem que permitiu o cozimento do produto em micro-ondas. Hoje, a nanotecnologia possibilitou a criação de uma etiqueta que muda de cor para indicar o nível de frescor de frutos do mar e de vegetais. Há cases de enzimas que são colocadas no forro das caixas de leite para quebrar a lactose e tornar o produto adequado aos intolerantes à lactose. Estamos falando das chamadas embalagens inteligentes e ativas – um futuro que já está disponível”, finaliza Paulo Al-Assal.