Marcas de luxo tentam crescer no Brasil com lojas próprias

A grife Diane von Furstenberg abriu no final de março seu primeiro ponto de venda no Brasil, no Shopping Iguatemi, de São Paulo, com a presença da fundadora. A DVF quer se posicionar no mercado brasileiro num segmento chamado pelos especialistas de “luxo acessível”.

Na loja brasileira da marca, há modelos de comprimento médio em jérsei de seda por pouco mais de R$ 1,2 mil. O valor não é pequeno, mas vira uma verdadeira pechincha quando comparado aos preços de outras grifes de luxo, inclusive nacionais. Segundo os executivos da marca, nos primeiros meses de funcionamento da DVF no Iguatemi, o investimento superou as expectativas. “Vendemos cinco vezes mais que o esperado no início da operação”, afirma Patrícia Assui, executiva que é responsável pelos negócios da DVF no Brasil.

A grife americana faz parte de uma nova onda de companhias de luxo que fincaram suas bandeiras no país nos últimos meses, investindo em lojas próprias. No ramo da indústria automobilística, elas são representadas pelas sofisticadas marcas britânicas Bentley e Aston Martin, que abriram operações próprias em São Paulo nos meses de março e maio, respectivamente.

O atual bom momento da economia brasileira e o potencial de consumo interno do país foram os combustíveis que levaram os representantes da Volkswagen, hoje controladora da Bentley, a abrir recentemente a primeira loja própria da marca no Brasil. No campo da moda e da indústria de cosméticos, empresas como Carolina Herrera e Chanel seguiram o mesmo caminho por razões semelhantes.

O estouro da bolha financeira acelerou a mudança de geografia das vendas mundiais dos produtos de luxo. Durante os anos 80, era enorme a dependência dessas marcas em relação ao mercado japonês (cerca de 70%19 do faturamento de algumas delas vinha do Japão). Na década seguinte, a estagnação da economia japonesa impingiu um período de dificuldades às corporações do luxo. Nos anos 2000, o grande mercado mundial é a China.

Os ensinamentos da recessão do Japão, porém, parecem ter sido aprendidos. Apesar da relevância da China para esses negócios, as empresas buscam a diversificação dos mercados e a diluição dos riscos. A estratégia da maioria delas é expandir ao máximo a carteira de clientes – e o Brasil aparece como a grande bola da vez, como demonstra a nova onda de empresas do circuito do luxo chegando ao país. Em 2009, mesmo com a crise mundial, o faturamento do segmento superou por aqui a marca de R$ 6 bilhões. E, de acordo com estimativas recentes, as vendas de produtos sofisticados devem crescer 50% no Brasil até o final deste ano.